25 de abril de 2017

Peregrinos (II)

Imprescindível conhecer este "Peregrinos" da Ana Catarina André e Sara Capelo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (colecção Retratos), lido num repente mal cheguei do Fátima-a-pé com a Paróquia da São Brás (e com um segundo livro com direito a simpática dedicatória).
Vão saborear grandes testemunhos de peregrinos, sem dúvida que gostei de conhecer o Jaime Oliveira (cego) e Pedro Diogo (que foi o sei guia), dos quais, deixo dois extractos:
"Conversaram longas horas sobre as vidas de ambos. «A experiência peregrina é essa mesma: uma partilha», diz Pedro. Também cuidavam um do outro."
"A ACAPO foi fundamental e a paz que encontrou em Fátima também. «Uma vez disse ao Pedro: "As videiras morrem no Inverno e florescem na Primavera. É assim connosco: temos de morrer para ressuscitar".»"

O marcador de caminhos António Pires, inspirado no Padre Elías Valiña (o padre louco), impulsionador das setas amarelas que hoje indicam essa (caminho francês) e outras rotas para a cidade-santuário:
"Um dia, diz a lenda que acompanha o nome do pároco espanhol, então com pouco mais de 50 anos, a Guardia Civil interceptou-o a desenhar estes sinais numa zona transfronteiriça frequentada por membros da ETA. O que estava afinal a fazer, quiseram saber os agentes desconfiados de que pertencesse ao grupo nacionalista basco. Elías Valiña foi irónico e misterioso: «Estou a preparar uma grande evasão.» Não estava errado."
"«Aconteceu mais que uma vez. Quando eu olhava para o chauffeur de um caminhão e via que era um rapaz novo, ele procurava desviar-se. Quando via que era de alguma idade, ele normalmente não se desviava. Tinha que ser o peregrino (a fazê-lo). O chapéu voava e a gente voltava para trás.» para o apanhar."
Felizmente que a organização de São Brás leva muito a peito a segurança, por certo ás custa de muito tempo das suas vidas, mas não temos passado por muitas estradas principais. A EN1, só mesmo depois da Ota e não por muito tempo, e, apesar das bermas muito largas, na 2.ª-feira de manhã o tráfego dos camiões impõe respeito! Alguns percursos por estrada movimentada, mesmo em fila indiana, deixam-me a pensar noutros peregrinos que fazem toda a sua peregrinação por estradas!!

E o artigo do Padre Andarilho, que, por coincidência, acompanho desde o seu primeiro Fátima-a-pé com a Paróquia da São Brás em 2008, só não caminhei (fisicamente) com eles em 2012 pois fui a Taizé na Semana Santa (de autocarro!), e que, de facto, para além de uma peregrinação, e sem dúvida um retiro!
Senti-me nesse capítulo, como um gota de um oceano, e deixo esta sua resposta:
"O que é que as pessoas procuram no caminho, padre Jorge?
Um tempo de retiro. Uma coisa é estar a cozinhar e a pensar na vida. Outra é ir para o caminho e ter horas e horas para rezar e apaziguar determinado assunto. Há coisas na nossa vida que precisam de muitos quilómetros para ficarem resolvidas."

E com direito de assistir à apresentação do livro no auditório da Rádio Renascença:

Jacinta (I)

A minha paixão mais recente fez-me ir ao Alvaláxia (só porque a Sweet shirt do Fátima-a-pé da Paróquia de São Brás deste ano é verde... qualquer coisa!), ver este "Jacinta" de Jorge Paixão da Costa, que parte de um  livro homónimo de Manuel Arouca e que brevemente passará em minissérie pela TVI.
Termina a avisar que os factos são ficção (mas, já sabia dos iniciais Avé-Maria, Santa Maria... para ir brincar!), houve de certeza mais que uma enfermeira no Hospital de Dona Estefânia tocada, talvez não Aurora (e a sua filha Jacinta), sendo que num "Voz de Verdade" recente o Padre Carlos Azevedo,  capelão no hospital, convida as pessoas e os grupos a contactar o gabinete de comunicação do hospital ou a capelania para marcar visitas.
Estava com esperança de aprender mais coisas da Jacinta, e de "encontrar" o Padre Manuel Nunes Formigão (o Apóstolo de Fátima), fundador congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, mas o filme não é para isso, pelo que o melhor será continuar a ler outras fontes, em especial tendo por base as memórias da irmão Lúcia.


A minha paixão cresceu enormemente nas duas páginas do guião do peregrino (Compaixão) sobre a Vida e espiritualidade da (ainda) Beata Jacinta Marto, em especial por este pedaço:
"Encontrou-nos um dia uma pobre mulher e, chorando, ajoelhou-se diante da Jacinta para a pedir-lhe que obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A Jacinta, ao ver de joelhos, diante de si, uma mulher, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trémulas para a levantar. Mas vendo que não era capaz, ajoelhou também e rezou com a mulher três Avé-Marias; depois, pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou mais de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, tornou a aparecer para agradecer a Nossa Senhora a sua cura." (memórias da Irmã Lúcia)


Ou então, premonitória e que (hoje) dão uma imensa vontade de sorrir!!!, do livro "Peregrinos em Fátima", de Luciano Nervi (Paulus, 2007):
"Na oração, em Fátima, existe um objectivo especial: o Santo Padre. Em Fátima reza-se muito pelo Santo Padre, Começaram os pastorinhos: «Foram interrogar-nos dois sacerdotes» - escreve ...a Lúcia na primeira Mensagem - «que nos recomendaram que rezássemos pelo Santo Padre. A Jacinta perguntou quem era o Santo Padre e os bons sacerdotes explicaram-nos quem era e como precisava muito de orações. A Jacinta ficou com tanto amor ao Santo Padre que, sempre que oferecia os seus sacrifícios a Jesus, acrescentava: e pelo Santo Padre. No fim de rezar o terço, rezava sempre três Avé-Marias pelo Santo Padre e algumas vezes dizia: "Quem me dera ver o Santo Padre! Vem cá tanta gente o Santo Padre nunca cá vem!"."