28 de setembro de 2011

T0

"T0" (T zero), esta expressão é da cantora Paula Texeira, que ouvi num espectáculo da FIDESCO, referindo-se ao pequeno quadradinho/espaço do écran da televisão em que aparece a traduzir para língua gestual portuguesa o que é dito no programa da manhã da TVI... e pelos vistos o Gouxa não é muito fácil de traduzir! Uma bela expressão que me cativou, assim como o carinho que manifestou pelo seu trabalho. Afinal não é nada estranho ouvir alguém cantar também com as mãos, pois, bem vistas as coisas, não há nenhum cantor que não utilize as mãos e/ou a expressão corporal, sendo que há pouco tempo ouvi alguém dizer que a voz é o "instrumento" mais físico e desgastante que existe! O espectáculo também contou com um sui generis, ou seja, singular, Rão Kyao, que ao trocar de flautas do suporte, numa bela imagem, me parecia um arqueiro a atirar setas!

Neste âmbito, lembro a alínea h) do n.º 2 do artigo 74.º da nossa Constituição, enquanto tarefa que imcumbe ao Estado na realização da política de ensino: "Proteger e valorizar a língua gestual portuguesa, enquanto expressão cultural e instrumento de acesso à educação e da igualdade de oportunidades" (o Português, enquanto língua oficial, "mora" no artigo 11.º da Constituição, logo temos, pelo menos, duas línguas!).

Como não tenho jeito nenhum para as línguas, apesar de mais de 40 anos de Português já disfarçarem alguma coisa, acabei por desistir de acompanhar a Paula Teixeira nas palavras que nos ensinou, e pouco mais aprendi que as palmas(!) o bom dia e a boa noite, mas gostei de descobrir que os dias da semana em língua gestual portuguesa estão simplesmente ligados a comer carne com molho na 2.ª-feira, peixe na 3.ª-feira, esparguete na 4.ª-feira, arroz na 5.ª-feira, bacalhau na 6.ª-feira, ficar em casa no sábado e ir à Missa no Domingo.

24 de setembro de 2011

Verbum Domini

Quase um ano depois da sua divulgação li finalmente a Exortação Apostólica do Papa Bento XVI "Verbum Domini - A Palavra de Deus". Um tema cativante, afinal temos sempre muito a aprender, numa leitura algo densa que nos obriga a estar sempre atentos. Mais que as minhas parcas e sem ciência palavras, deixo algumas frases soltas que me prenderam.

"Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré." (n.º 12)

"Também São Jerónimo está firmemente convencido de que «não podemos chegar a compreender a Escritura sem a ajuda do Espírito Santo que a inspirou»." (n.º 16)

"Mais ainda, deve afirmar-se que o próprio Cristo «está presente na sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura»." (Sacrosantum Concilium, do Concílio Ecuménico Vaticano II, n.º 52)

"ambão.. É bom que seja fixo, esculturalmente em harmonia estética com o altar, de modo a representar mesmo visivelmente o sentido teológico da dupla mesa da Palavra e da Eucaristia." (Ordenamento Geral do Missal Romano, n.º 68)

"São Jerónimo, grande «enamorado» da Palavra de Deus, interrogava-se: «Como seria possível viver sem o conhecimento das Escrituras, se é por elas que se aprende a conhecer o próprio Cristo, que é a vida dos crentes?»." (n.º 72)

"Como diz Santo Agostinho: «A tua oração é a palavra dirigida a Deus. Quando lês, é Deus que te fala; quando rezas, és tu que falas a Deus»." (n.º 86)

"Como afirmava Santo Ambrósio, quando tomamos nas mãos, com fé, as Sagradas Escrituras e as lemos com a Igreja, a pessoa humana volta a passear com Deus no paraíso." (n.º 87)

"Por isso, os Padres sinodais lembraram a expressão feliz dada à Terra Santa: «o quinto Evangelho»." (n.º 89)

18 de setembro de 2011

Lolita

Por certo polémico em qualquer altura, o "Lolita" (de 1962) de Stanley Kubrick tem a particularidade da adptação do polémico romance de Vladimir Nabokov para o filme ter sido feita pelo próprio escritor (que foi nomeado para o Oscar pelo seu trabalho). A conhecida história de um professor que casa com uma viúva para poder estar ao lado da sua paixão, a adolescente Lolita (Sue Lyon). Quase 2 horas e meia que nos prendem, também graças às interpretações, das quais destacaria a do Petter Sellers, qual camaleão que vai vivendo várias personagens ou facetas enquanto Clare Quilty, o rival do tortuoso e iludido protagonista o professor Humbert Humbert (o actor James Mason), afinal o Petter Sellers consegue passar pelo drama, descontando o final, em tom de magistral comédia! Para nomear todas os actores principais fica a faltar a Shelley Winters no papel da carente Charlotte, a mãe viúva da Lolita. Outra particularidade, o facto de ter gostado bastante dos 3 primeiros filmes da Sue Lyon, sendo que a carreira acabou por não concretizar estes augúrios, uma vez que depois do Lolita (1962) participou nos filmes, que vi na Cinemateca, "Noita de Iguana" de John Huston (1964), que já passou pelo blogue em Setembro de 2009, e "Sete Mulheres" (1966) o último filme do mestre John Ford.