A II Guerra Mundial parece que foi "ontem", em compensação a I Guerra Mundial parece que foi há 100 anos!!! Talvez por a televisão, filmes, livros e comunicação social dedicarem muito mais tempo ao "último" conflito mundial.
Não sabia muito sobre a "Ida", filme de Pawel Pawlikowski (2013), co-produção da Polónia e da Dinamarca (nos créditos finais, também vi uma televisão francesa!). A primeira surpresa foi o ser um filme... a preto-e-branco!!! Não contando com alguns filmes na Cinemateca, deve ter sido dos primeiros (ou dos poucos!) que vi em écran grande! No cartaz do filme abundam os cremes, mas foi mesmo uma grande surpresa as cores serem "apenas" tons de preto-e-branco, mas as (muitas) cenas da tia Wanda a fumar, ganharam uma beleza muito plástica!
O filme passa-se na Polónia em 1962, no momento em que a jovem Anna (Agata Trzebuchowska) de 18 anos, que sempre viveu no convento, se prepara para fazer os votos definitivos. Mas a Madre Superiora "obriga-a" a visitar a única parente viva, a mundana tia Wanda (Agata Kulesza). Após um choque de "mundos", um choque com a história, afinal Anna é Ida, os pais judeus foram mortos no decorrer da II Guerra Mundial, vítimas de forças e da política de Estado, mas com o aproveitamento pessoal e local de uns meros terrenos e um pobre casa, por uma família católica, afinal a mesquinhez humana sempre soube aproveitar a "força" dos tempos! Ida descobre que está viva por ser muito pequena e rapariga quando os pais foram mortos, mas não teve a mesma sorte do jovem irmão (circuncisado).
Ao perceber o enquadramento da história, lembrei-me logo da Edith Stein, ou melhor, da Santa Teresa Benedita da Cruz! Após um confronto (e perdão!) com a história, que a tia Wanda, apesar de sempre parecer mais "forte", não conseguiu ultrapassar, vemos as dúvidas da Ida, sendo que a parte final nos deixa a torcer pelos dois caminhos possíveis, fora ou dentro do convento! Sendo um filme europeu, pensei que o desfecho seria o triste, pelo menos segundo o meu ponto de vista, mas fui fintado e o filme "termina" com a Ida a optar pelo caminho com Deus... a Ida continua a rezar por todos nós!
Lembrei-me também de um outro filme que vi há cerca de um ano, passado na mesma época, o "Lore" (2012, dirigido pela australiana Cate Shortland, também uma co-produção inglesa, alemã e australiana). Pelo menos, nestes dois casos, o "problema" da tradução dos títulos dos filmes, não se colocou!
A protagonista é a Saskia Rosendahl (HanneLORE Dressleré) uma jovem adolescente filha de um membro do aparelho nazi, que após a queda de Hitler e a prisão dos pais, se vê sozinha com os quatro irmãos no meio de uma Alemanha devastada. No caminho para casa de uma avó no norte, conta uma ajuda de um jovem judeu sobrevivente de Auschwitz, conseguindo chegar, apesar de com um grande sofrimento, mas a paz de uma casa pode não ser o fim da "guerra". Confesso que gostei da história, embora tenha ficado com uma ideia de inverosimilhança, mas afinal quase todos os filmes é isso que nos mostram!