5 de julho de 2013

Lisboa Story Center

Ou Memórias da Cidade, mas afinal estão na moda os estrangeirismos! Uma exposição em que as explicações nos chegam através dos auscultadores, pelo que é sobretudo ouvir e ver, não tendo quase nada para ler! O percurso faz-se em cerca de uma hora, sendo especialmente vocacionado para turistas (até pelo preço), destacando-se o filme de cerca de 9 minutos que procura recriar o terramoto de 1 de Novembro de 1755. Termina com a "Lisboa Virtual", pelo que através de computador podemos ler sobre alguns momentos históricos vividos na capital, sendo que, como não estava mais ninguém na altura, repeti várias vezes a evocação do 25 de Abril, com a fotografia do Capitão Salgueiro Maio e... o Grândola, vila morena!
A mostra tem outro atractivo, afinal passei muitas vezes pelo átrio do Ministério das Finanças, pelo que foi giro perceber em que zona me encontrava (dado que agora estão "mascaradas"), onde se realizavam várias exposições, com destaque para a mostra anual dos premiados no Festival Internacional de Cartoons do Porto. O que me deixou a pensar no que uma guia da Fundação Mata do Buçaco referiu numa recente visita ao Buçaco (Bussaco para estrangeiros!), quanto ao facto do rei querer  fazer do seu palácio de caça um palácio do povo... afinal hoje temos um Palace Hotel do Bussaco (5 estrelas), felizmente que ainda se consegue ver muita da sua riqueza do exterior (como os azulejos da varanda exterior ou as colunas serem todas diferentes), mas isto não tem nada a ver com Lisboa... ou se calhar tem, em especial se tivermos em conta as condições periclitantes, sobretudo após os últimos temporais, em que se encontra o Convento de Santa Cruz do Buçaco!

Zona (GTIST)

Após uma ausência de alguns anos, tendo em conta que era "cliente" habitual do Dona Maria e da Cornucópia (Teatro do Bairro Alto), mas com passagens pelo Trindade, Villaret ou Teatro Aberto, em pouco tempo vi duas peças de teatro!!
O regresso foi com o "Condomínio da rua" no Dona Maria, que ficará para mais tarde.
A segunda peça foi de teatro universitário, graças a um desafio de uma das atrizes. Penso que não será correcto escrever "teatro amador", dado que apesar das parcas condições técnicas, senti que a peça foi desenvolvida e apresentada com muita empenho e amor à causa! Na página do Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico (GTIST), e nunca tinha entrado no IST, referem que o grupo está em plena actividade desde 1992/1993, mas gostei sobretudo da frase de entrada, do José Gomes Ferreira, que há vários anos guardo no coração: "Proibida a entrada a quem não andar espantado de existir" (logo no início das "Aventuras de João sem medo, panfleto mágico em forma de romance").
Logo à porta apercebi-me que os actores são "paus para toda a obra", pois pode ser preciso combinar com o segurança questões práticas! Como acabei por ser dos últimos a entrar (condiz comigo!), fiquei na última fila (não que existam muitas, mas são 4 ou 5, embora "flexíveis"), pelo que pude comprovar as multi-tarefas do encenador Nicolas Brites, como anfitrião, electricista (afinal é desenho e operação de luz), homem do som (concepção sonora e sonoplastia), etc...
A leitura dos breves textos que acompanham o prospecto, que afinal também era o "bilhete", não me deu grande pistas e deixou-me algo confuso, mas reconheço que depois de ver a "Zona" as palavras batem certo com o que vivenciámos, tendo o Nicolas Brites (em Portugal com várias variantes para o 1.º nome!) terminado assim: "Tratamos aqui de sensações, de percepções, de emoções, de pequenos prazeres, de grandes alegrias, de profundas desilusões, e mesmo de tristezas."
De qualquer forma, copio também o trecho de um autor americano que aprecio. In "Cartas da Terra" de Mark Twain: "Isto aqui é um lugar estranho, extraordinário e interessante. Não há nada de semelhante aí pelos nossos sítios. Todas as pessoas são loucas, a Terra é louca, a própria natureza é louca. O homem é uma maravilha curiosidade. Quando está no seu melhor é uma espécie de anjo passado por um banho de níquel; no seu pior é indiscritível, inimaginável; é, de ponta a ponta, um sarcasmo. E no entanto chama-se a si própria, com brandura e sinceridade, a «mais nobre das obras divinas»."
Confesso que no início não estava a perceber nada da peça, e o calor também era algum, em sentido figurado e recorrendo mais a expressões corporais, sobretudo de costas, mas na segunda parte os diálogos são mais acessíveis, para aquele grupo que estava na zona... entre o céu e o inferno!!!
No final cada actor fez uma agradável apresentação, misturando a sua personagem e a sua vida, num jogo do gato e do rato, pelo menos esta foi a minha percepção após ouvir a Sandra Subtil (também responsável pela tesouraria, (mais) uma tarefa que não condiz muito com a arte, mas de facto deve ser preciso fazer "milagres").
Se não fosse o convite, nunca teria entrado nesta "zona"... obrigado Marina!