13 de junho de 2014

Viver Deus na alegria, Claire de Castelbajac

Cheguei ao livro "Viver Deus na Alegria, Claire de Castelbajac" (26/10/1953 - 22/01/1975, vida e mensagem) de Lauret (não o/um autor, mas "apenas" uma residência de Gers, perto de Auch no Sul-Pirinéus), da Editorial A.O. (Apostolado da Oração), de Abril de 2013, apenas guiado pelo sorriso luminoso da fotografia da Claire que consta da capa do livro!!!
O facto de eu ser nascido na fase final da sua vida terrena, talvez inconscientemente, me tenha levado a querer conhecê-la, uma "candidata" a santa da juventude dos nossos dias (lembrei-me também da recente Santa Gianna Beretta Molla, 4/10/1922 - 28/04/1962, que "conheci" também através de um livro "fortuito"!). Estes "acasos" dão ainda mais sabor aos encontros/descobertas e, apesar de já ter passado algum tempo desde que o li, já não tendo presente grande parte do seu exemplo de vida, posso afirmar que foi um dos livros marcantes que li... afinal já o "transformei" em prenda e tenho a certeza que tocará quem o ler!

Algumas passagens:
"A uma amiga que está na mó de baixo. Lauret, 15/04/1969 (quinze anos e meio)
... chora, chora, se isso te pode ajudar. Mas se for simplesmente por fraqueza de ânimo, domina-te e alcançarás uma grande vitória. Com muitas vitórias, ganha-se a guerra. A vida é uma guerra, sabes, uma guerra contra a cobardia e a fraqueza, porque é a cobardia que leva os homens a praticar o mal."

"Aos pais, Setembro de 1969
É curioso, quantos motivos de felicidade se podem encontrar, se reflectirmos! A vida não é senão felicidade! São os homens que fazem a infelicidade. Se toda a gente o pudesse compreender!"

"A uma amiga, 16/03/1970
(...) achas que a proximidade sempre crescente da morte é angustiante? Eu penso que não; não se deve ter medo da morte (e tanta gente dirá, com outras tantas justificações, o contrário!). A morte é a passagem de uma vida - que, na realidade, é apenas um exame - de alegrias, de pequenas infelicidades (mas a felicidade enche-a muito mais!) para a Felicidade completa, a perpétua Vista d'Aquele que tudo nos deu."

"Aos pais, hospital, 27/05/1971
Então respondi-lhe: «Mas, a senhora, não sabe que a fé ajuda a agir melhor? Perca, pois, uma hora a reencontrá-la e será feliz e não vazia, como reconhece estar neste momento»."

"A uma amiga, Lauret, 7/09/1973
(...) viver para si, no sentido cristão, é antes de mais viver para os outros, e recebes bastante mais do que dás."

Obrigado, Claire!  

Cinco pães e dois peixes, Francisco Van Thuan (2x)

Após ter recomendado o pequeno livro "Cinco pães e dois peixes - Do sofrimento do cárcere, um alegre testemunho de fé" escrito por Francisco Xavier de Nguyen Van Thuan (Paulinas Editora, 2009), no testemunho final da peregrinação a Fátima-a-pé, na Semana Santa, organizada pela Paróquia de São Brás, só me restava... relê-lo (entrada em 27/07/2012).
A mesma alegria, tal como na Eucaristia, celebração presente sempre nova e actual. Neste sentido, desta vez transcrevo (não podendo viver o mesmo, comungo da alegria no meio do cárcere):
"Passei nove anos no isolamento. Durante esse período, celebro a Missa todos os dias, pelas três horas da tarde: a hora de Jesus agonizante na cruz. Estou só, posso cantar a minha Missa como quero, em latim, francês, vietnamita... levo comigo o saquinho que contém o Santíssimo Sacramento: «Tu em mim e eu em ti.»
São as mais belas missas da minha vida." 

De igual para igual (JTM)

Atrás, salvo seja, d'"O hipopótamo de Deus" de José Tolentino Mendonça, uma oportunidade para finalmente ler o livro "De igual para igual" do poeta (Assírio & Alvim, Março de 2001), e não se pode considerar como válida a questão de "falta" de tempo! (o empurrão, foi mesmo a entrevista "A Fé é claramente nocturna", entrevista de Carlos Vaz Marques, na revista "Ler", que consta no final d'" O Hipopótamo de Deus"!!!).
De um livro de poesia, o melhor se calhar, é "apenas" copiar um dos poemas:
OS AMIGOS


Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura


Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis


Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

Outra vez "O hipopótamo de Deus" de JTM (2x)

No seguimento da entrada de 27/07/2012, ou seja, quase dois anos depois, novamente o "O hipopótamo de Deus" de José Tolentino Mendonça! Mas entretanto o hipopótamo cresceu (de 48 para 84 crónicas), deixando a "pequena" Assírio & Alvim (2010), passando para as Paulinas (Outubro, de 201). Na capa, do hipopótamo "crescido", refere-se "Quando as perguntas que trazemos valem mais do que as respostas provisórias que encontramos".
Foi bom reler alguns textos, como "A sintaxe das lágrimas", de onde, desta vez, copio: "Ao chorar, mesmo na solidão mais estrita, dirigimo-nos a alguém: esforçamo-nos para que ninguém veja que choramos, mas choramos sempre para um outro ver. As lágrimas emprestam um realismo único, irresistível, à dramática expressão de nós próprios. São um traço tão pessoal como o olhar ou o mover-se ou o amar."
Dos novos territórios, gostei de conhecer a Esther (Etty) Hillesum (A Rapariga de Amesterdão), pelo que fica a vontade de "ir ter" com ela, os a citação inicial d' "O magistério da bondade":
"O escritor norte americano Mark Twain assinou esta frase certeira: «A bondade é o idioma que o surdo ouve e o cego vê.»".