Passei a colaborar com textos para a newsletter (boletim informativo) da Paróquia de Nossa Senhora de Belém (Rio de Mouro), pelo que aqui deixo o meu primeiro contributo.
http://www.paroquiariomouro.org/home.php?area=home
Padre Coimbra\ Alegria de Anunciar
O Bruno pediu-me para colaborar com textos para a newsletter da nossa Paróquia. Apesar das dúvidas, e terei alguma coisa relevante para aqui relatar, o passo em frente é dado porque Ele o quis, embora as palavras elogiosas da Teresa também tenham ajudado!
O que escrever? Apesar de não ser um editorial, lembrei-me logo da alegria que tinha ao ler os do Padre Coimbra nos “Ecos”. Os seus textos, enquadrados no ano litúrgico, eram sempre de uma grande riqueza e mostravam-me facetas que nem sempre vislumbrava.
Alguns dos seus Editoriais foram reunidos em dois pequenos, apenas em tamanho, livros. O primeiro intitula-se “À Sombra do Santuário” e reúne os editoriais entre 30/07/2005 e 27/08/2006. O segundo livro intitula-se “Alegria de Anunciar”, reunindo textos entre 2/09/2006 e 18/08/2007.
Não sei se o nosso Bazar Paroquial ainda tem o primeiro destes livros à venda, mas tenho quase a certeza que “Alegria de Anunciar” ainda por lá está; pelo que tomo a liberdade de recomendar a sua compra, a sua leitura e, sobretudo, a sua vivência. Penso que será uma óptima forma de agradecer os 76 anos do Padre Manuel Gonçalves Coimbra, que há tão pouco tempo celebrou as Bodas de Ouro Sacerdotais, dado que foi ordenado em 29/06/1959.
O Bispo auxiliar da nossa Vigararia prefaciou os dois livros, pelo que aqui deixo uma frase de D. Carlos A. Moreira Azevedo: “Os conselhos apontados são uma espécie de vitaminas espirituais, um estímulo a seguir os critérios do evangelho no meio de tantas mensagens ou perante o vazio de orientações para apanhar o sentido da vida.”
Para terminar, e o mais difícil até foi seleccionar um texto, aqui fica o nosso Padre Coimbra na primeira pessoa, de um Editorial a que chamou “O Pecado da Falsificação”. Ele apresenta-nos seis Falsificações, mas eu escolhi uma, a que acrescentei as frases inicial e final do Editorial:
“O nosso povo, ao queixar-se dos falsificadores, diz que anda meio mundo a enganar o outro. (...)
Com o tempo, esta arte tem-se refinado. Agora, porém, não vamos falar das obras materiais, mas da grande falsificação da verdade:
- falsificar é substituir a palavra de Deus pelas suas opiniões e interpretações, impondo-as como norma, como lei; (...)
Mais uma vez, recordemos: “Que tenho eu, que tens tu, que não o tenhas recebido?” Não atribuamos a Deus o que não vem de Deus; e não chamemos nosso o que é dom do Senhor.”
Desta vez, apesar de não ter feito parte desta crónica, junto também o Editorial do Padre Coimbra em que me inspirei, que foi publicado no Ecos de 29/10/2005 (e republicada, com ligeiras alterações, no Ecos de 22/01/2006).
O Pecado da Falsificação
O nosso povo, ao queixar-se dos falsificadores, diz que anda meio mundo a enganar o outro. O Evangelho de Mateus lança-nos um alerta para não sermos nem agentes de falsificação nem sermos vítimas de falsificadores.
O caminho do cristão é a verdade que está em comunhão com a humildade. O Evangelho encerra com esta máxima: "Quem se elevar será humilhado, e quem se humilhar será elevado"(Mt 23, l-12). A malévola arte de falsificar é tão antiga como o homem. É de ontem e de hoje a venda de gato por lebre que encontramos nos fariseus de ontem e de hoje.
Com o tempo, esta arte tem-se refinado. Agora, porém, não vamos falar das obras materiais, mas da grande falsificação da verdade:
- falsificar é substituir a palavra de Deus pelas suas opiniões e interpretações, impondo-as como norma, como lei;
- falsificar é viver na incoerência: dizendo mas não fazendo; parecendo mas não sendo;
- falsificar é sobrecarregar os outros com o peso insuportável de pequenas normas e leis, tirando a liberdade às pessoas, quando uma só coisa é necessária: amar;
- falsificar é cultivar o exibicionismo para chamar à atenção, ocultando o que se é;
- falsificar é alimentar as desigualdades, valorizando o que não tem valor. Na sociedade civil, fala-se de superiores e súbditos. Na Igreja, porém, não faz sentido descriminar, todos somos irmãos;
- falsificar é ostentar títulos que não são de serviço, em oposição ao Evangelho que afirma: "O maior entre vós seja o vosso servo."
Mais uma vez, recordemos: “Que tenho eu, que tens tu, que não o tenhas recebido?” Não atribuamos a Deus o que não vem de Deus; e não chamemos nosso o que é dom do Senhor.”
Padre Coimbra