29 de setembro de 2009

A Noite de Iguana (Cinemateca)

Acabo de voltar de mais um soberbo filme na Cinemateca, no caso "The Night of the Iguana" realizado por John Huston em 1964 (125 min.), contando com as interpretações de Richard Burton, Deborah Kerr, Ava Gardner e Sue Lyon.

Uma incursão de Huston no universo de Tennessee Williams, numa história cheia de alegorias à vida de Jesus (Richard Burton), como o monte (Calvário), a tentação (a Lolita Sue Lyon), uma Maria Madalena (Ava Gardner), o Anjo de passagem (Deborah Kerr) e até os fariseus (o grupo excursionista das velhas professoras); como tão bem nos lembra o texto de Manuel Cintra Ferreira, pois a Cinemateca ao facultar textos sobre cada um dos filmes "obriga-nos" a meditar depois de os ver ("Mas o destaque vai para Deborah Kerr com a sua estranha sensualidade sublinhada, simultaneamente indiferente e contaminada pela viscosidade do clima de erotização da paisagem, anjo que assume a liberdade da castração, como se insinua no plano em que ela decepa a cabeça do peixe").
Mas a minha cena favorita, em que sabemos o que vai acontecer, é quando o velho poeta consegue finalmente terminar o seu poema, que há 20 anos tentava acabar, a traquilidade da beleza das palavras (poema), o saber que então, ao luar e rodeado de natureza, já só faltava ou podia rezar e... morrer!

A apresentação da Cinemateca: Nesta adaptação da peça de Tennessee Williams filmada no México, à beira mar, com fotografia de Gabriel Figueroa, Burton é um padre renegado e alcoólico que ganha a vida como guia turístico. Ainda um pouco "Lolita" como no Kubrick anterior (Lolita, 1962), Sue Lyon assume a descontraída pele de jovem tentação. No papel da livre Maxime, Ava Gardner é a dona da fabulosa estalagem que será o cenário do filme. Deborah Kerr é Hanna, auto-castrada neta do "poeta mais velho do mundo" por quem se faz acompanhar. THE NIGHT OF THE IGUANA é um dos mais reputados Huston. O mergulho pelos meandros do dilema entre o espírito e a carne, tema do último sermão do Reverendo Shannon na dramática sequência de abertura, é denso. A rodagem foi feliz.

Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael

(29 de Setembro) Arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael (Festa)

O belo Hino das Vésperas de hoje, com o qual me "reencontrarei" mais logo:

Anjo da paz, Arcanjo São Miguel,
Defenda a Igreja com sua mão amiga
E a faça vencedora sempre fiel
Contra os assaltos da serpente antiga.

A este mundo triste, em dura prova,
Mandai, Senhor, notícias de alegria:
São Gabriel nos traga a Boa Nova,
Que por ele enviastes a Maria.

Através dos sertões da vida agreste
E na tristeza dos caminhos ermos,
São Rafael, o médico celeste,
Conforte e cure todos os enfermos.

Glória ao Pai, entre os Anjos nas alturas.
Glória ao Filho e ao Paráclito divino.
Suba até Deus a voz das criaturas
No mais ardente e jubiloso hino.

28 de setembro de 2009

Pablo Pineda e Francisco Brás

Sempre que posso procuro não perder o programa "Consigo" que passa aos Domingos cerca das 11h30m na RTP2. E tenho aprendido muito com os exemplos de vida que têm mostrado. Sei que mostram sobretudo os casos de sucesso e que a nossa Obrigação é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que esses casos possam ser muitos mais. Assim, recomendo-vos que espreitem o Blogue do programa Consigo, têm o link n' "A minha lista de blogues", e/ou que vejam um dos programas, ao vivo ou através do site da RTP que os faculta.

Mas esta entrada "nasceu" devido a esta pequena (apenas no tamanho) notícia hoje publicada no "Diário de Notícias":

Actor com trissomia 21 vence em San Sebastián
Pablo Pineda, 34 anos, sofre de síndrome de Down e fez história no sábado ao ser distinguido no Festival de San Sebastián, no País Basco, com a Concha de Prata para melhor actor pelo desempenho em Yo También.
Não é a primeira vez que Pablo Pineda se converte no protagonista das notícias. Em 1999 tornou-se no primeiro europeu com trissomia 21 a licenciar-se. É professor primário, trabalhou na Segurança Social, e em Março deu aulas numa escola de Córdoba. Agora está prestes a terminar a segunda licenciatura, em Psicopedagogia e prepara a prova de ingresso nos quadros do Ayuntamiento de Málaga, a sua cidade natal.
Protagonizar este filme é apenas mais uma faceta na vida de quem aceitou ser o porta-voz das pessoas com síndrome de Down, como explicou ao jornal espanhol El Mundo. "Há gente que não tem uma oportunidade na vida como a que eu tive. Fi-lo por eles", declarou. "Muitos psicólogos e educadores vão entender que uma pessoa com síndrome de Down pode aprender muito mais coisas do que se imaginou durante anos" , acrescentou o espanhol.
Antes dele, Pascal Duquenne venceu idêntico troféu no Festival de Cannes pelo filme Le Huitième Jour.
Em Yo También, de Antonio Naharro e Álvaro Pastor, Pineda é Daniel, um rapaz que se apaixona por uma mulher mais velha, interpretada por Lola Dueñas, que ganhou o galardão para melhor actriz.
Retirado do site do jornal "Diário de Notícias" (publicado a 2009-09-28 às 01:00)

Nem vou comentá-la, pois as minha palavras ficariam de certeza a mais. Mas lembrei-me da nossa CRINABEL e do grande Francisco Brás que já vi várias vezes no "Consigo". Após uma pesquisa no computador do trabalho (que maravilhas ele guarda, para além do orçamento do Estado!?!?!), quero partilhar este texto do José Amaro Dionísio que foi publicado na revista “Grande Reportagem:” de Abril de 2001:

Sem drama
Trissómico 21, sabe o que é? Nós, gente normal da vida normal, dizemos mongolóide. Ele não diz. Também não diz deficientes mentais, diz pessoas com dificuldades de desenvolvimento global. E fá-lo não por paternalismo ou por estar aqui e além na moda mas porque lida com eles, conhece-os, sabe quanto podem na queda do corpo que minuto a minuto levantam, na frase que lhes foge a cada palavra, na rouquidão exorcizada, nos dedos suspensos entre o apelo e o ardor, no olhar curvo. Francisco Brás, 45 anos, actor, trabalha com eles, e com elas, há catorze anos. Têm um grupo de Teatro, chamam-lhe Crinabel Teatro e funciona p’ra li na Rua Álvares Cabral em Lisboa. A fazer o quê? Becket e Shakespeare, Lorca e Gil Vicente. Década e meia, um espectáculo por temporada. É um elenco profissional, doze actores e três técnicos, sem apoio do Ministério da Cultura, tão fértil em subsídios à direita e à esquerda. Que diabo leva um actor a juntar às luzes do palco a escuridão sem retorno? «Nada de especial», responde Francisco Brás, «apenas uma vertente humana muito forte. Digamos que é uma questão de escolher entre um pouco mais de fraqueza e um pouco menos de dinheiro.» Vida que o leva também a animar um grupo de idosos, entre os setenta e os noventa anos, na Junta de Freguesia das Mercês. Estão a ensaiar o que já está programado para Junho, cenas vindas da memória de cada um deles. No meio de tudo isto o actor ele próprio, Francisco Brás, prepara em Almada com o Grupo de Teatro Extremo a encenação de Navalha na Carne, do brasileiro Prínio Marcos, com estreia marcada para 19 de Abril. Charneiras.

27 de setembro de 2009

Os amigos palhaço (ONV)

Na sequência da entrada de 19 de Setembro, sobre o workshop "À procura do seu palhaço interior" da Operação Nariz Vermelho (ONV), dirigido pelo Mark Mekelburg, agora com as fotografias tiradas pelo próprio Dr. P.P.P. Pipoca, deixo mais algumas palavras.
Aquelas 2 horas e meia foram agradáveis e foi muito bom conhecer-vos palhaços triste:
Mas foi muito mais agradável poder usufruir das vossas gargalhadas, amigos palhaços contente:
Ia escolher a gravatinha amarela, porque durante semana de trabalho ando de gravata, que é um óptimo disfarce e esconderijo, mas a venda também condiz comigo!!! Desejo-vos felicidades na vossa vida de Palhaço, ou seja, de Verdade. Mais uma coisa, conforme prometemos ao Mark, se por acaso nos encontramos por aí não estranhem se não vos reconhecer, pode acontecer que esteja simplesmente com vergonha de fazer/receber uns certos cumprimentos!!!!

Eu votei MEP

Esperança. Eu votei Movimento Esperança Portugal (MEP) e ficarei muito contente se o Rui Marques for eleito deputado por Lisboa. Poderia deixar os meus inúmeros motivos, mas o que falou mais alto foi o coração, pois uma prima leiga franciscana, que muito admiro, a última pessoa que eu suporia se metesse na política, é candidata do MEP pelo círculo eleitoral de Faro!

25 de setembro de 2009

Padre Pio e... eleições! (Boletim III)

A terceira contribuição para o boletim informativo da Paróquia de Nossa Senhora de Belém (Rio de Mouro), a newsletter n.º 73 relativa ao XXVI Domingo do Tempo Comum.

Dia 23 de Setembro faz-se memória de São Pio de Pietrelcina, o «frade dos estigmas», um santo nosso contemporâneo, que partiu para o Pai em 1968, após a sua peregrinação de 81 anos pela terra (nasceu em 25 de Maio de 1887), e afirmou: «Para quem ama, o céu e a terra unem-se».
É com alguma admiração que reconheço os santos do nosso tempo, como que a duvidar que hoje é possível sê-lo, apesar de ser esse o caminho que Deus apresenta e propõe a todos os baptizados.
João Paulo II beatificou-o em 1999, apenas 31 anos após a sua partida, tendo-o canonizado três anos depois e acho que faz todo o sentido lembrá-lo, ainda para mais, em Ano Sacerdotal. Não conheço profundamente a sua vida, pois tenho há algum tempo para ler uma biografia das Paulinas, de cerca de 500 páginas, da autoria de Renzo Allegri, com o sugestivo título “Padre Pio, um santo entre nós”.
«Quando o Senhor me chamar deste mundo, eu Lhe direi: “Senhor, ficarei à porta do Paraíso; entrarei depois de ver entrar o último dos meus filhos espirituais.”» (Padre Pio)

Eleições, um dos temas mais difíceis de abordar num boletim paroquial!
Os Padres do centro histórico de Lisboa (Baixa-Chiado) pronunciaram-se recentemente sobre as eleições autárquicas de Outubro, a-propósito da reabilitação das igrejas, podendo as suas opiniões ser lidas em http://www.paroquiadosmartires.pt/ (publicações e recordações), atendendo a que em http://www.paroquiasaonicolau.pt/ apenas se consegue aceder a um “Ao Largo” de 2008, que também recomendo, pois evoca o Cardeal-Patriarca D. António Ribeiro, o Terço e, num artigo de João César das Neves, a hostilidade do Governo à Igreja. Para rematar este assunto, e fazendo uma alegoria com o recentemente canonizado São Nuno de Santa Maria, ia caindo o Carmo e a Trindade!
Em tempo de novas tecnologias, tomemos partido delas e, conforme referência recente na “Voz da Verdade”, o jornal da nossa Diocese, ouçamos o que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) tem para nos dizer (http://www.ecclesia.pt/cep.shtml) sobre este assunto.
A Nota Pastoral “Direito e dever de votar” (Abril) apela os cristãos ao voto em consciência cristã, votando por objectivos, por valores e, seguramente, que cada um veja o que os partidos dizem sobre temas fundamentais como o casamento, a família, os mais desprotegidos da sociedade.
Sobre o que se tem passado, poder-se-iam referir muitas coisas, como as dificuldades em regulamentar a Concordata assinada no Vaticano em 2004 entre a Santa Sé e a República Portuguesa, mas gostaria de referir dois assuntos à partida tão extremados! O referendo sobre o aborto de 11 de Fevereiro de 2007, que tocou o fundamental, como é a inviolabilidade da Vida, ou a abertura dos supermercados aos Domingos, que parecendo um assunto menor, certamente não o será para os Pais que não podem acompanhar em família os seus filhos no dia por excelência para fazê-lo. É claro que os patrões falaram logo que esta abertura ia criar postos de trabalho, mas no meio de outras questões, como o facto de serem obrigados a passar de recibos verdes, será que todos remunerarão estes trabalhadores como a lei exige, ou seja, a dobrar?
Para muitos dos nossos concidadãos qualquer destas decisões representam, conforme muitos políticos nos querem vender, a liberdade de cada um e a modernidade, mas como não são esses os valores que leio na Bíblia, prefiro que me chamem antiquado!
Mencionar eleições “obriga” a falar de políticos. Que confiança posso ter nos políticos que, sendo inegável para todos, pelo menos historicamente, a matriz cristã da Europa, apagaram do preâmbulo do projecto da Constituição Europeia a simples menção à nossa herança civilizacional judaico-cristã? Que confiança posso ter no líder de um partido que nesta campanha tão convictamente clamou contra a nova lei de financiamento dos partidos políticos, das campanhas eleitorais e dos grupos parlamentares, ainda para mais em tempos de crise que, pelos vistos, seria só para alguns, quando todos os deputados, excepto um que votou contra e uma que se absteve, justiça lhes seja feita, votaram a seu favor? E o veto presidencial não altera a minha opinião, 30 de Abril foi assim há tanto tempo?
Deixo, mais uma vez, o apelo dos nossos bispos a um voto em consciência cristã; da minha parte, desta e pela primeira vez, vou votar com esperança num pequeno partido, com a tranquilidade que me advém de não ser seguro que venha a ter assento na nossa Assembleia da República.
A crónica já vai longa, se nomeasse as pessoas a quem me refiro, provavelmente dir-me-iam, e com razão, que um boletim paroquial não é local para fazê-lo, por isso termino com algumas das palavras que Jesus Cristo nos vai dizer no XXVI Domingo do Tempo Comum (que podem ler mais à frente):
«Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa.»
«E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».

23 de setembro de 2009

São Mateus

(21 de Setembro) São Mateus, Apóstolo e Evangelista (Festa)
São Mateus merece mais texto, e hoje trabalharia para o Ministério das Finanças, mas como já estou algo "atrasado", fica a minha referência doce ao único Evangelista que nos relata o episódio dos Magos de Oriente e, logo de seguida, a Fuga para o Egipto, o Martírio dos Inocentes (os "primeiros" Mártires cristãos, com a "autorização" de Santo Estêvão!) e Jesus em Nazaré.

Mt 9, 9 - Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o.

19 de setembro de 2009

À procura do seu palhaço interior (ONV)

O final da tarde de ontem reservou-me uma boa surpresa e algumas gargalhadas, palhaçadas, estaladas, beijos e macacadas, com cerca de 20 amigos desconhecidos, na casa da Operação Nariz Vermelho (ONV) em Belém (Central Tejo, junto ao Museu da Electricidade/ Fundação EDP).
Podia copiar algumas das suas inúmeras saborosas histórias, mas nem sempre de final feliz, pelo menos se não "tirarmos" os pés do chão, pois conheci os meus amigos Doutores Palhaços através da revista CAIS de Junho de 2007 e, desde aí, tenho procurado seguir-lhes o rasto!! Na inauguração da nova casa pude trocar umas curtas e enriquecedoras palavras com o Dr. Cinho do Céu (José Ramalho) e sentir alguns calorosos e ruidosos chamamentos da Dr.ª Maria Da Graça (a presidente e Palhaço, Beatriz Quintella), ontem, pude conhecer melhor, e receber um caloroso abraço, do Mark Mekelburg (o Dr. P.P.P. Pipoca, ou seja, o Dr. Pedro Pateta Pirata Pipoca).
Mas o melhor que posso fazer é convidar-vos a espreitarem... http://www.narizvermelho.pt/

O workshop dirigido pelo Mark Mekelburg (americano que vive há 16 anos em Portugal) intitula-se "À procura do seu palhaço interior", correspondendo a duas horas e meia que não consigo explicar por palavras.

Em curtas palavras; pude perceber que o Palhaço é VERDADE, alguém que vive o momento (presente) e que conhece a importância do olhar. O Palhaço está/vive sempre na fronteira, com um pé na realidade e outro na fantasia! Deixarei mais algumas palavras (ou não!?!?!) para quando receber as fotos finais do grupo...

17 de setembro de 2009

Miguel Torga (Diários) - V

Vila Nova, 10 de Outubro de 1936
Um diário não é isto. Diário é o daquele inglês que, para que ninguém o lesse, até uma cifra inventou.
O que eu diria aqui se soubesse escrever em cifra!

14 de setembro de 2009

Exaltação da Santa Cruz

(14 de Setembro) Exaltação da Santa Cruz (Festa)
Para muitos a Cruz poderá ser apenas um sinal de sofrimento, mas para quem crê é um enorme sinal de Alegria (um sinal MAIS), tão bem sintetizado na palavra “Aleluia”.

Uma fotografia tirada na Basílica do Santo Sepulcro (Jerusalém), o local físico não é o mais importante, ao altar grego erigido sobre a rocha do Calvário (o local da Cruz está assinalado debaixo do altar), entre os ícones da Virgem Maria e do discípulo João.


Do Hino das Laudes de hoje:
Cruz do Senhor, és única esperança
No tempo desta vida peregrina.
Aumenta nos cristãos a luz da fé,
Sê para os homens o sinal da paz.

O Aleluia da Eucaristia da Festa de hoje:
Nós Vos adoramos e bendizemos, Senhor Jesus Cristo,
que pela vossa santa cruz remiste o mundo. Aleluia.

Do livro “Arautos da Santidade - Vida dos Santos (Tu solus sanctus)” de António J. Dias f.m.s. (Editora Rei dos Livros, Abril de 2001):
A cruz, instrumento de infâmia e horror, com a morte de Jesus transformou-se em símbolo de redenção e glória. O Senhor predisse no Evangelho: “Quando for levado da terra, atrairei todos a mim.”
Depois do encontro da Cruz de Jesus, no tempo de Santa Helena, mãe de Constantino, foi-lhe dedicada uma grande basílica a 14 de Setembro. Esta solenidade passou no século VII para todo o Ocidente, quando o Imperador Heráclio recuperou o sagrado lenho, então na posse dos Persas, a 3 de Maio de 630.
A característica desta festa consistia na apresentação solene da verdadeira cruz às multidões, cruz essa cujas relíquias se foram espalhando pelas igrejas particulares em todo o mundo.
A reforma pós-conciliar suprimiu no calendário a festa da Invenção da Santa Cruz, celebrada a 3 de Maio.

13 de setembro de 2009

Nossa Senhora do Sim

Mais uma bela "aquisição" para o "santuário" do meu quarto, esta Nossa Senhora do Sim (Petite).
Muito obrigado Dona Guilhermina.

11 de setembro de 2009

Festas e Férias (Boletim II)

A minha segunda contribuição para o boletim informativo da Paróquia de Nossa Senhora de Belém (Rio de Mouro), a newsletter n.º 71 relativa ao XXIV Domingo do Tempo Comum.

Festas e Férias
Algumas das informações desta crónica são retiradas do site http://www.evangelhoquotidiano.org/
As Solenidades, Festas e Memórias (obrigatórias ou facultativas) de Santos e Beatos, como a recente da Beata Teresa de Calcutá em 5 de Setembro (partiu para o Pai em 1997), ajudam-nos na nossa caminhada para o Pai, pois lembram-nos episódios e pessoas que já a fizeram, que devem ser para nós modelos de vida, caminhando ao nosso lado, e não apenas personagens distantes de um livro que lemos com agrado.
O mês de Agosto é particularmente fértil neste campo, como que a lembrar-nos que Deus não faz férias de nós. Gosto particularmente da Festa da Transfiguração do Senhor (6 de Agosto), um episódio tantas vezes ouvido, até porque é lido noutra ocasião do ano litúrgico. Em muitas ocasiões da nossa vida temos que subir ao monte, com todas as dificuldades que isso pode acarretar, e como gostaríamos de fazê-lo como Pedro, Tiago e João! Mas gosto de meditar que por vezes procuramos o Senhor em manifestações espectaculares, grandiosas, fora do comum e que causem impacto a muita gente, que esquecemos que Ele continua a transfigurar-Se diante dos nossos olhos em cada Eucaristia que fazemos e que uma das maiores bênçãos que podemos receber é, através de Jesus, reconhecer Deus em diversas situações de nossa vida quotidiana.
Mas quero fazer a ponte para as Festas da Natividade da Virgem Santa Maria (8 de Setembro) e da Exaltação da Santa Cruz (14 de Setembro). Por estranho que nos possa parecer, à semelhança de outras que celebramos no decorrer do ano, qualquer uma delas tem a sua origem nos nossos irmãos do Oriente. Com efeito, a Festa da Transfiguração do Senhor remonta ao V no Oriente, tendo sido introduzida no calendário geral da Igreja latina pelo Papa Calisto III em 1457. Por sua vez, a Festa da Natividade da Virgem Santa Maria (já sabem a “prenda” que lhe vão dar pelo seu aniversário?) é celebrada desde o início do cristianismo no Oriente e desde o século VII no Ocidente. Também a Festa da Exaltação da Santa Cruz começou por ser celebrada no Oriente, ligando-se à dedicação no ano de 335 de duas importantes basílicas (do Martírio e da Ressurreição) construídas em Jerusalém por ordem de Constantino. Nessa ocasião a Santa Cruz, encontrada por Santa Helena, mãe do convertido imperador romano Constantino, foi exaltada e apresentada aos fiéis. Depois a Cruz foi roubada pelos persas e resgatada pelo imperador Heráclio que, segundo contam, a levou às costas desde Tiberíades até Jerusalém, onde a entregou ao Patriarca Zacarias, no dia 3 de Maio de 630, passando, a partir daí, esta festa a ser celebrada no Ocidente (a reforma pós-conciliar suprimiu no calendário a festa da Invenção da Santa Cruz, celebrada a 3 de Maio).

Post scriptum: duas palavras finais, acompanhadas de Orações, para o recente aniversário natalício do Bispo Auxiliar da nossa Vigararia D. Carlos Azevedo (4/09/1953) e para o aniversário próximo do Padre Ricardo Neves (15/09/1972), Vice-Reitor do Seminário de São José de Caparide, filho da Dona Madalena e do nosso sacristão Francisco.

8 de setembro de 2009

Natividade da Virgem Santa Maria

(8 de Setembro) Natividade da Virgem Santa Maria (Festa)

Totus Tuus

Eu já sei o que vou oferecer à minha Mãe do Céu (e tenho a certeza que Ela vai gostar!), é bom poder confiar Nela.
Para terminar, a letra do fado "Para Maria" de Mafalda Arnauth, do CD “Diário” (2005).
PARA MARIA
letra escrita e música composta por Mafalda Arnauth
Maria, Maria
Procuro por Ti
Trago este vazio
E o desejo de dar cor à minha vida
Quero pintar
Esta história que estou a criar
Quero ser mais
Minha grandeza afirmar
Ser poeta é ser cantor, ser o céu
Onde mora tudo o que eu vou ser
Se eu souber ser amor.

Maria, Maria
Não sei o que aconteceu
Se o mundo ou se fui eu
Enganou-se o amanhã sem piedade
Fecha-se a luz
Sobre as almas da minha idade
Esconde-se o céu
Onde eu quero ser mais verdade
Minha Senhora e minha Mãe
Olha bem por nós
Sem Teu amor
Ficaremos sós.

Maria, Maria
Mãe do silêncio
Mãe da humanidade
Em Teu seio o meu Senhor se gerou
E Tu o contemplaste
Cheia de amor e ternura
Teu filho desejado
E por Ti muito amado
Minha Senhora e minha Mãe
Ensina-me a amar
E arriscar
A saber ser maior.

7 de setembro de 2009

Regresso

A vida vai regressando lentamente à "normalidade", com as actividades do GAP ou as frases e fotos dos jornais gratuitos.
Do "Destak" gosto particularmente dos editoriais da Isabel Stilwell e das frases, que me ajudam a meditar, como esta da edição de 31 de Agosto de 2009:
«Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo» Oscar Wilde, escritor irlandês (1854-1900).

Como não há palavras para expressar certas situações e sentimentos, só me ocorrendo nessas alturas a força e o calor da Oração, fui buscar também esta fotografia de Sergei Chirikov (EPA/Lusa) que vi na edição do "Global Notícias" de 2/09/2009:

com o seguinte texto: Rússia. O massacre na escola de Beslan, em 2004, foi recordado nesta localidade da Ossétia do Norte. Há cinco anos, no primeiro dia de aulas, terrorista chechenos sequestraram alunos e professores e armadilharam a escola. A tragédia saldou-se por 330 mortos, incluindo 186 crianças.

5 de setembro de 2009

Padre Coimbra (Boletim I)

Passei a colaborar com textos para a newsletter (boletim informativo) da Paróquia de Nossa Senhora de Belém (Rio de Mouro), pelo que aqui deixo o meu primeiro contributo.
http://www.paroquiariomouro.org/home.php?area=home

Padre Coimbra\ Alegria de Anunciar
O Bruno pediu-me para colaborar com textos para a newsletter da nossa Paróquia. Apesar das dúvidas, e terei alguma coisa relevante para aqui relatar, o passo em frente é dado porque Ele o quis, embora as palavras elogiosas da Teresa também tenham ajudado!
O que escrever? Apesar de não ser um editorial, lembrei-me logo da alegria que tinha ao ler os do Padre Coimbra nos “Ecos”. Os seus textos, enquadrados no ano litúrgico, eram sempre de uma grande riqueza e mostravam-me facetas que nem sempre vislumbrava.
Alguns dos seus Editoriais foram reunidos em dois pequenos, apenas em tamanho, livros. O primeiro intitula-se “À Sombra do Santuário” e reúne os editoriais entre 30/07/2005 e 27/08/2006. O segundo livro intitula-se “Alegria de Anunciar”, reunindo textos entre 2/09/2006 e 18/08/2007.
Não sei se o nosso Bazar Paroquial ainda tem o primeiro destes livros à venda, mas tenho quase a certeza que “Alegria de Anunciar” ainda por lá está; pelo que tomo a liberdade de recomendar a sua compra, a sua leitura e, sobretudo, a sua vivência. Penso que será uma óptima forma de agradecer os 76 anos do Padre Manuel Gonçalves Coimbra, que há tão pouco tempo celebrou as Bodas de Ouro Sacerdotais, dado que foi ordenado em 29/06/1959.
O Bispo auxiliar da nossa Vigararia prefaciou os dois livros, pelo que aqui deixo uma frase de D. Carlos A. Moreira Azevedo: “Os conselhos apontados são uma espécie de vitaminas espirituais, um estímulo a seguir os critérios do evangelho no meio de tantas mensagens ou perante o vazio de orientações para apanhar o sentido da vida.”
Para terminar, e o mais difícil até foi seleccionar um texto, aqui fica o nosso Padre Coimbra na primeira pessoa, de um Editorial a que chamou “O Pecado da Falsificação”. Ele apresenta-nos seis Falsificações, mas eu escolhi uma, a que acrescentei as frases inicial e final do Editorial:
“O nosso povo, ao queixar-se dos falsificadores, diz que anda meio mundo a enganar o outro. (...)
Com o tempo, esta arte tem-se refinado. Agora, porém, não vamos falar das obras materiais, mas da grande falsificação da verdade:
- falsificar é substituir a palavra de Deus pelas suas opiniões e interpretações, impondo-as como norma, como lei; (...)
Mais uma vez, recordemos: “Que tenho eu, que tens tu, que não o tenhas recebido?” Não atribuamos a Deus o que não vem de Deus; e não chamemos nosso o que é dom do Senhor.”

Desta vez, apesar de não ter feito parte desta crónica, junto também o Editorial do Padre Coimbra em que me inspirei, que foi publicado no Ecos de 29/10/2005 (e republicada, com ligeiras alterações, no Ecos de 22/01/2006).
O Pecado da Falsificação
O nosso povo, ao queixar-se dos falsificadores, diz que anda meio mundo a enganar o outro. O Evangelho de Mateus lança-nos um alerta para não sermos nem agentes de falsificação nem sermos vítimas de falsificadores.
O caminho do cristão é a verdade que está em comunhão com a humildade. O Evangelho encerra com esta máxima: "Quem se elevar será humilhado, e quem se humilhar será elevado"(Mt 23, l-12). A malévola arte de falsificar é tão antiga como o homem. É de ontem e de hoje a venda de gato por lebre que encontramos nos fariseus de ontem e de hoje.
Com o tempo, esta arte tem-se refinado. Agora, porém, não vamos falar das obras materiais, mas da grande falsificação da verdade:
- falsificar é substituir a palavra de Deus pelas suas opiniões e interpretações, impondo-as como norma, como lei;
- falsificar é viver na incoerência: dizendo mas não fazendo; parecendo mas não sendo;
- falsificar é sobrecarregar os outros com o peso insuportável de pequenas normas e leis, tirando a liberdade às pessoas, quando uma só coisa é necessária: amar;
- falsificar é cultivar o exibicionismo para chamar à atenção, ocultando o que se é;
- falsificar é alimentar as desigualdades, valorizando o que não tem valor. Na sociedade civil, fala-se de superiores e súbditos. Na Igreja, porém, não faz sentido descriminar, todos somos irmãos;
- falsificar é ostentar títulos que não são de serviço, em oposição ao Evangelho que afirma: "O maior entre vós seja o vosso servo."
Mais uma vez, recordemos: “Que tenho eu, que tens tu, que não o tenhas recebido?” Não atribuamos a Deus o que não vem de Deus; e não chamemos nosso o que é dom do Senhor.”
Padre Coimbra

3 de setembro de 2009

Klute (Cinemateca)

Três anos depois, regressei à Cinemateca para ver um filme. Noutras circunstancias teria optado pelo "Singularidades de uma Rapariga Loura" (2009), até porque o Manoel de Oliveira esteve presente na projecção. Adicionalmente passaram a curta-metragem "Recontre Unique"(2009), de 3 minutos e a preto e branco, um episódio de "Chacun son Cinéma" (resultado de um projecto proposto pelo Festival de Cinema de Cannes, no seu 60.º aniversário, a 35 realizadores de 25 nacionalidades), em que Michel Piccoli, a fazer de Nikita Khrouchtchev, contracena com Duarte de Almeida (que não é mais que o nome artístico do João Bénard da Costa), a fazer de Papa João XXIII (de cara rapada, a única vez que assim o vemos).

Mas o filme que fui ver foi o "Klute" (1971) de Alan J. Pakula, com a Jane Fonda (que aqui ganhou o seu primeiro Oscar) e o Donald Sutherland, e valeu a pena. Quando o filme foi estreado eu tinha um ano e meio, mas foi giro ver a Jane Fonda que parece não ter envelhecido, mas já não se pode dizer o mesmo do Donald Sutherland, que no filme parece um miúdo!!! Os tempos mudam num período tão curto, pois as sex-simbol da altura não recorriam ao silicone e passavam o filme a esconder mais do que mostravam (as costas não contam), o que acaba por dar mais encanto ao filme!











Podia dizer algumas coisas do filme, mas gostei de ver a Bree Daniels (a Jane Fonda), que é uma call gril, ficar "atrapalhada" quando se apercebe que, pela primeira vez, está a sentir amor (pelo Klute, o Sutherland). Além do mais pude "reencontrar-me", numa curtíssima cena, com a Jean Stapleton, cujo nome não vos dirá muito/nada, mas que era a mulher (Edith Bunker) do Archie Bunker (o actor Carrol O'Connor) na belíssima série "Uma Família às Direitas" (1968-1979). Fartei-me de rir (para dentro) porque a Jean Stapleton usou o mesmo tom de voz da Edith na série, apesar de, praticamente, só dizer (+/-) esta soberba frase: "Coitado, é amigo de toda a gente!"

Post scriptum: assim, o dia terminou com as Vésperas, as leituras do dia e as Completas todas seguidas!!!