25 de setembro de 2009

Padre Pio e... eleições! (Boletim III)

A terceira contribuição para o boletim informativo da Paróquia de Nossa Senhora de Belém (Rio de Mouro), a newsletter n.º 73 relativa ao XXVI Domingo do Tempo Comum.

Dia 23 de Setembro faz-se memória de São Pio de Pietrelcina, o «frade dos estigmas», um santo nosso contemporâneo, que partiu para o Pai em 1968, após a sua peregrinação de 81 anos pela terra (nasceu em 25 de Maio de 1887), e afirmou: «Para quem ama, o céu e a terra unem-se».
É com alguma admiração que reconheço os santos do nosso tempo, como que a duvidar que hoje é possível sê-lo, apesar de ser esse o caminho que Deus apresenta e propõe a todos os baptizados.
João Paulo II beatificou-o em 1999, apenas 31 anos após a sua partida, tendo-o canonizado três anos depois e acho que faz todo o sentido lembrá-lo, ainda para mais, em Ano Sacerdotal. Não conheço profundamente a sua vida, pois tenho há algum tempo para ler uma biografia das Paulinas, de cerca de 500 páginas, da autoria de Renzo Allegri, com o sugestivo título “Padre Pio, um santo entre nós”.
«Quando o Senhor me chamar deste mundo, eu Lhe direi: “Senhor, ficarei à porta do Paraíso; entrarei depois de ver entrar o último dos meus filhos espirituais.”» (Padre Pio)

Eleições, um dos temas mais difíceis de abordar num boletim paroquial!
Os Padres do centro histórico de Lisboa (Baixa-Chiado) pronunciaram-se recentemente sobre as eleições autárquicas de Outubro, a-propósito da reabilitação das igrejas, podendo as suas opiniões ser lidas em http://www.paroquiadosmartires.pt/ (publicações e recordações), atendendo a que em http://www.paroquiasaonicolau.pt/ apenas se consegue aceder a um “Ao Largo” de 2008, que também recomendo, pois evoca o Cardeal-Patriarca D. António Ribeiro, o Terço e, num artigo de João César das Neves, a hostilidade do Governo à Igreja. Para rematar este assunto, e fazendo uma alegoria com o recentemente canonizado São Nuno de Santa Maria, ia caindo o Carmo e a Trindade!
Em tempo de novas tecnologias, tomemos partido delas e, conforme referência recente na “Voz da Verdade”, o jornal da nossa Diocese, ouçamos o que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) tem para nos dizer (http://www.ecclesia.pt/cep.shtml) sobre este assunto.
A Nota Pastoral “Direito e dever de votar” (Abril) apela os cristãos ao voto em consciência cristã, votando por objectivos, por valores e, seguramente, que cada um veja o que os partidos dizem sobre temas fundamentais como o casamento, a família, os mais desprotegidos da sociedade.
Sobre o que se tem passado, poder-se-iam referir muitas coisas, como as dificuldades em regulamentar a Concordata assinada no Vaticano em 2004 entre a Santa Sé e a República Portuguesa, mas gostaria de referir dois assuntos à partida tão extremados! O referendo sobre o aborto de 11 de Fevereiro de 2007, que tocou o fundamental, como é a inviolabilidade da Vida, ou a abertura dos supermercados aos Domingos, que parecendo um assunto menor, certamente não o será para os Pais que não podem acompanhar em família os seus filhos no dia por excelência para fazê-lo. É claro que os patrões falaram logo que esta abertura ia criar postos de trabalho, mas no meio de outras questões, como o facto de serem obrigados a passar de recibos verdes, será que todos remunerarão estes trabalhadores como a lei exige, ou seja, a dobrar?
Para muitos dos nossos concidadãos qualquer destas decisões representam, conforme muitos políticos nos querem vender, a liberdade de cada um e a modernidade, mas como não são esses os valores que leio na Bíblia, prefiro que me chamem antiquado!
Mencionar eleições “obriga” a falar de políticos. Que confiança posso ter nos políticos que, sendo inegável para todos, pelo menos historicamente, a matriz cristã da Europa, apagaram do preâmbulo do projecto da Constituição Europeia a simples menção à nossa herança civilizacional judaico-cristã? Que confiança posso ter no líder de um partido que nesta campanha tão convictamente clamou contra a nova lei de financiamento dos partidos políticos, das campanhas eleitorais e dos grupos parlamentares, ainda para mais em tempos de crise que, pelos vistos, seria só para alguns, quando todos os deputados, excepto um que votou contra e uma que se absteve, justiça lhes seja feita, votaram a seu favor? E o veto presidencial não altera a minha opinião, 30 de Abril foi assim há tanto tempo?
Deixo, mais uma vez, o apelo dos nossos bispos a um voto em consciência cristã; da minha parte, desta e pela primeira vez, vou votar com esperança num pequeno partido, com a tranquilidade que me advém de não ser seguro que venha a ter assento na nossa Assembleia da República.
A crónica já vai longa, se nomeasse as pessoas a quem me refiro, provavelmente dir-me-iam, e com razão, que um boletim paroquial não é local para fazê-lo, por isso termino com algumas das palavras que Jesus Cristo nos vai dizer no XXVI Domingo do Tempo Comum (que podem ler mais à frente):
«Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa.»
«E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».

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