25 de julho de 2014

Por favor cuida da mamã, Kyung-Sook Shin

Pelos meus pés não teria chegado ao romance "Por favor cuida da mamã" da ecritora sul-coreana Kyung-Sook Shin (Porto Editora, 2011), mas foi-me recomendado por alguém que muito admiro.
Descontando a dificuldade com os nomes coreanos, narrado a quatro vozes, trata-se de um confronto entre dois mundos, a aldeia e a cidade, entre gerações, país e filhos, entre a "modernidade" o viver tradicional.
Confesso que até às últimas páginas, que terminam no Vaticano, não estava a perceber a mensagem do livro, mas o final é esclarecedor e belo, como não aspiro a que o blogue seja o motivo para que alguém acabe por ler este livro, aqui ficam.
"E, só então, as palavras que não conseguiste dizer diante da estátua se escapam dos teus lábios.
- Por favor... Por favor cuida da mamã!"

Silêncio, Shusaku Endo

Cheguei ao "Silêncio" de Shusaku Endo, japonês e católico (1923-1996), da D. Quixote (1990), devido a uma apresentação da Aura Miguel na livraria Ferin do Chiado. Após as palavras, que nunca percebemos totalmente na altura, de apresentação, fica um vontade de as comprovar através da leitura do livro! No caso estamos perante a história do padre idealista jesuíta Sebastião Rodrigues, que em 1640 embarca rumo ao Japão determinado a ajudar os cristãos japoneses, brutalmente oprimidos. Ficam as óbvias questões e se fosse comigo e hoje, infelizmente não são poucos os casos de que vamos tendo conhecimento, como por exemplo através da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), sendo que o livro acaba por não "acabar" bem!

Querido sobrinho, explica-me a Bíblia (Manuel Nunes)

O livro "Querido sobrinho, explica-me a Bíblia", de Manuel Nunes (Difusora Bíblica, 2002), é como uma breve caminhada pela Bíblia, aprendendo-se novos factos, que nem sempre acabam por ficar completamente assimilados (parecido com a entrada anterior).
Foi elaborado a pensar em alguém que se iniciou há pouco neste caminho, o que acaba por ajudar quem pensa que já sabe muito mais! Acaba por dedicar muito mais páginas ao Antigo Testamento, o que acaba por ser bom, embora fiquem ainda, e sempre, muitos assuntos por abordar! 

Enigmas da Bíblia (AT e NT) de Ariel Alvarez Valdés

Os dois livros "Enigmas da Bíblia, Antigo Testamento Novo Testamento" de Ariel Alvarez Valdés (Difusora Bíblica, 2005), teólogo argentino, foram lidos num repente! Curiosamente o tamanho em páginas do AT provocou um livro mais pequeno que o relativo ao NT!
Tenho pena de não conseguir reter grande parte da informação destes livros, mas ajudam-me a compreender com outros olhos alguns aspectos da Bíblia, sendo que destaco o capítulo "Que calendário é que Jesus usava?".
De qualquer forma, os temas são sempre cativantes, pelo que o seu artigo na "Revista Bíblia" é sempre lido com agrado.  

O Profeta Ferido, um retrato de Henri J. M. Nouwen (Michel Ford)

"O profeta ferido, um retrato de Henri J. M. Nouwen" de Michel Ford (Paulinas, 2005), que já li há algum tempo, acaba por ser um retrato atormentado da vida deste sacerdote católico holandês (1932-1996), que, confesso, desconhecia, embora em nada tenha diminuído o meu gosto pelos seus livros! E já foram vários, com destaque para "O regresso do filho pródigo, meditações perante um quadro de Rembrandt" (Editorial Apostolado da Oração, 2007), passando pelo "Não nos ardia o coração? Uma meditação sobre a vida Eucarística" (Paulinas, 2005), que aliás dá o nome a este blogue, ou pelo "Esvaziamento de Cristo, movimento descendente e vida espiritual" (Paulinas, 2008).

"Em van Gogh, portanto, Nouwen conseguiu abraçar parte do seu próprio mistério e também do mistério divino. Ambos os artistas gostavam de girassóis - imagens fortes e radiantes de alegria e esperança, após as suas experiências pessoais de dor e desespero."
"Contudo, em certas ocasiões, depois de ter deleitado pessoas aos milhares, o querido mentor espiritual regressava sozinho ao seu quarto de hotel, transformando-se no palhaço triste."
"Ir para L'Archer (Trosly em França e depois Daybreak, perto de Toronto) viver com pessoas muito vulneráveis tinha-me feito baixar muito as minhas defesas interiores e abrir mais plenamente o meus coração aos outros."
"A Arche fora um dom para Henri, mas Henri fora um dom extraordinário de Jesus para a Arche, o dom de um sacerdote, o dom de um amigo de coração compassivo.
Henri anunciou uma coisa muito importante: que a unidade das nossas Igrejas brotará dos pobres... Ele aceitava a dor, optava por caminhar através da dor, pois é esse o caminho de todos nós. Escolher a cruz, caminhar através da cruz, pois nunca descobriremos a ressurreição, a menos que caminhemos através da cruz, a menos que, algures, nos deixemos despojar."
 

O fim do mundo está próximo? Jorge Buesco

Apesar de não ser propriamente o género que mais aprecio, na sequência de outros dois livros do Jorge Buesco, também no âmbito da divulgação científica editados na colecção "Ciência aberta" pela Gradiva, no caso, "O mistério do bilhete de identidade e outras histórias" (2002) e "Da falsificação dos euros aos pequenos mundos" (2005),  de que gostei bastante, foi com naturalidade embora também com atraso, que li este "O fim do mundo está próximo?" (2007).
São livros que procuram mostrar a beleza da matemática, através de pequenas histórias, sendo que, destinando-se ao grande público, mas infelizmente, não tão grande assim, acabam por consegui-lo. Aborda temas tão dispares como o Sudoku ou as TAC, centrando-se destacando o matemático Euler, no tricentenário de Leonhard Euler (1707-1783), que o autor descreve como muito provavelmente o maior génio matemático de todos os tempos!

Ida (e Lore)

A II Guerra Mundial parece que foi "ontem", em compensação a I Guerra Mundial parece que foi há 100 anos!!! Talvez por a televisão, filmes, livros e comunicação social dedicarem muito mais tempo ao "último" conflito mundial.
Não sabia muito sobre a "Ida", filme de Pawel Pawlikowski (2013), co-produção da Polónia e da Dinamarca (nos créditos finais, também vi uma televisão francesa!). A primeira surpresa foi o ser um filme... a preto-e-branco!!! Não contando com alguns filmes na Cinemateca, deve ter sido dos primeiros (ou dos poucos!) que vi em écran grande! No cartaz  do filme abundam os cremes, mas foi mesmo uma grande surpresa as cores serem "apenas" tons de preto-e-branco, mas as (muitas) cenas da tia Wanda a fumar, ganharam uma beleza muito plástica!
O filme passa-se na Polónia em 1962, no momento em que a jovem Anna (Agata Trzebuchowska) de 18 anos, que sempre viveu no convento, se prepara para fazer os votos definitivos. Mas a Madre Superiora "obriga-a" a visitar a única parente viva, a mundana tia Wanda (Agata Kulesza). Após um choque de "mundos", um choque com a história, afinal Anna é Ida, os pais judeus foram mortos no decorrer da II Guerra Mundial, vítimas de forças e da política de Estado, mas com o aproveitamento pessoal e local de uns meros terrenos e um pobre casa, por uma família católica, afinal a mesquinhez humana sempre soube aproveitar a "força" dos tempos! Ida descobre que está viva por ser muito pequena e rapariga quando os pais foram mortos, mas não teve a mesma sorte do jovem irmão (circuncisado).
Ao perceber o enquadramento da história, lembrei-me logo da Edith Stein, ou melhor, da Santa Teresa Benedita da Cruz! Após um confronto (e perdão!) com a história, que a tia Wanda, apesar de sempre parecer mais "forte", não conseguiu ultrapassar, vemos as dúvidas da Ida, sendo que a parte final nos deixa a torcer pelos dois caminhos possíveis, fora ou dentro do convento! Sendo um filme europeu, pensei que o desfecho seria o triste, pelo menos segundo o meu ponto de vista, mas fui fintado e o filme "termina" com a Ida a optar pelo caminho com Deus... a Ida continua a rezar por todos nós!

Lembrei-me também de um outro filme que vi há cerca de um ano, passado na mesma época, o "Lore" (2012, dirigido pela australiana Cate Shortland, também uma co-produção inglesa, alemã e australiana). Pelo menos, nestes dois casos, o "problema" da tradução dos títulos dos filmes, não se colocou!
A protagonista é a Saskia Rosendahl (HanneLORE Dressleré) uma jovem adolescente filha de um membro do aparelho nazi, que após a queda de Hitler e a prisão dos pais, se vê sozinha com os quatro irmãos no meio de uma Alemanha devastada. No caminho para casa de uma avó no norte, conta uma ajuda de um jovem judeu sobrevivente de Auschwitz, conseguindo chegar, apesar de com um grande sofrimento, mas a paz de uma casa pode não ser o fim da "guerra". Confesso que gostei da história, embora tenha ficado com uma ideia de inverosimilhança, mas afinal quase todos os filmes é isso que nos mostram!

13 de junho de 2014

Viver Deus na alegria, Claire de Castelbajac

Cheguei ao livro "Viver Deus na Alegria, Claire de Castelbajac" (26/10/1953 - 22/01/1975, vida e mensagem) de Lauret (não o/um autor, mas "apenas" uma residência de Gers, perto de Auch no Sul-Pirinéus), da Editorial A.O. (Apostolado da Oração), de Abril de 2013, apenas guiado pelo sorriso luminoso da fotografia da Claire que consta da capa do livro!!!
O facto de eu ser nascido na fase final da sua vida terrena, talvez inconscientemente, me tenha levado a querer conhecê-la, uma "candidata" a santa da juventude dos nossos dias (lembrei-me também da recente Santa Gianna Beretta Molla, 4/10/1922 - 28/04/1962, que "conheci" também através de um livro "fortuito"!). Estes "acasos" dão ainda mais sabor aos encontros/descobertas e, apesar de já ter passado algum tempo desde que o li, já não tendo presente grande parte do seu exemplo de vida, posso afirmar que foi um dos livros marcantes que li... afinal já o "transformei" em prenda e tenho a certeza que tocará quem o ler!

Algumas passagens:
"A uma amiga que está na mó de baixo. Lauret, 15/04/1969 (quinze anos e meio)
... chora, chora, se isso te pode ajudar. Mas se for simplesmente por fraqueza de ânimo, domina-te e alcançarás uma grande vitória. Com muitas vitórias, ganha-se a guerra. A vida é uma guerra, sabes, uma guerra contra a cobardia e a fraqueza, porque é a cobardia que leva os homens a praticar o mal."

"Aos pais, Setembro de 1969
É curioso, quantos motivos de felicidade se podem encontrar, se reflectirmos! A vida não é senão felicidade! São os homens que fazem a infelicidade. Se toda a gente o pudesse compreender!"

"A uma amiga, 16/03/1970
(...) achas que a proximidade sempre crescente da morte é angustiante? Eu penso que não; não se deve ter medo da morte (e tanta gente dirá, com outras tantas justificações, o contrário!). A morte é a passagem de uma vida - que, na realidade, é apenas um exame - de alegrias, de pequenas infelicidades (mas a felicidade enche-a muito mais!) para a Felicidade completa, a perpétua Vista d'Aquele que tudo nos deu."

"Aos pais, hospital, 27/05/1971
Então respondi-lhe: «Mas, a senhora, não sabe que a fé ajuda a agir melhor? Perca, pois, uma hora a reencontrá-la e será feliz e não vazia, como reconhece estar neste momento»."

"A uma amiga, Lauret, 7/09/1973
(...) viver para si, no sentido cristão, é antes de mais viver para os outros, e recebes bastante mais do que dás."

Obrigado, Claire!  

Cinco pães e dois peixes, Francisco Van Thuan (2x)

Após ter recomendado o pequeno livro "Cinco pães e dois peixes - Do sofrimento do cárcere, um alegre testemunho de fé" escrito por Francisco Xavier de Nguyen Van Thuan (Paulinas Editora, 2009), no testemunho final da peregrinação a Fátima-a-pé, na Semana Santa, organizada pela Paróquia de São Brás, só me restava... relê-lo (entrada em 27/07/2012).
A mesma alegria, tal como na Eucaristia, celebração presente sempre nova e actual. Neste sentido, desta vez transcrevo (não podendo viver o mesmo, comungo da alegria no meio do cárcere):
"Passei nove anos no isolamento. Durante esse período, celebro a Missa todos os dias, pelas três horas da tarde: a hora de Jesus agonizante na cruz. Estou só, posso cantar a minha Missa como quero, em latim, francês, vietnamita... levo comigo o saquinho que contém o Santíssimo Sacramento: «Tu em mim e eu em ti.»
São as mais belas missas da minha vida." 

De igual para igual (JTM)

Atrás, salvo seja, d'"O hipopótamo de Deus" de José Tolentino Mendonça, uma oportunidade para finalmente ler o livro "De igual para igual" do poeta (Assírio & Alvim, Março de 2001), e não se pode considerar como válida a questão de "falta" de tempo! (o empurrão, foi mesmo a entrevista "A Fé é claramente nocturna", entrevista de Carlos Vaz Marques, na revista "Ler", que consta no final d'" O Hipopótamo de Deus"!!!).
De um livro de poesia, o melhor se calhar, é "apenas" copiar um dos poemas:
OS AMIGOS


Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura


Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis


Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

Outra vez "O hipopótamo de Deus" de JTM (2x)

No seguimento da entrada de 27/07/2012, ou seja, quase dois anos depois, novamente o "O hipopótamo de Deus" de José Tolentino Mendonça! Mas entretanto o hipopótamo cresceu (de 48 para 84 crónicas), deixando a "pequena" Assírio & Alvim (2010), passando para as Paulinas (Outubro, de 201). Na capa, do hipopótamo "crescido", refere-se "Quando as perguntas que trazemos valem mais do que as respostas provisórias que encontramos".
Foi bom reler alguns textos, como "A sintaxe das lágrimas", de onde, desta vez, copio: "Ao chorar, mesmo na solidão mais estrita, dirigimo-nos a alguém: esforçamo-nos para que ninguém veja que choramos, mas choramos sempre para um outro ver. As lágrimas emprestam um realismo único, irresistível, à dramática expressão de nós próprios. São um traço tão pessoal como o olhar ou o mover-se ou o amar."
Dos novos territórios, gostei de conhecer a Esther (Etty) Hillesum (A Rapariga de Amesterdão), pelo que fica a vontade de "ir ter" com ela, os a citação inicial d' "O magistério da bondade":
"O escritor norte americano Mark Twain assinou esta frase certeira: «A bondade é o idioma que o surdo ouve e o cego vê.»".

15 de março de 2014

UNESCO - 100 milhões de raparigas não sabem ler

No meio de tantas "notícias", até podia passar despercebida, mas deixo esta pequena (e grande facto!) que encontrei num jornal de 13/03/2014 (fez-me lembrar o filme afegão "O buda caiu de vergonha" que passou por aqui em 6/08/2009):
A organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) fez saber que 100 milhões de raparigas dos países pobres e médios não sabe ler e alertou para o «grave desequilíbrio entre os géneros»  de que padece a educação à escala mundial. Estes factos foram revelados, ontem, na abertura da 58.ª sessão da Comissão do Estatuto Jurídico e Social da Mulher. 

22 de fevereiro de 2014

A tristeza do refugiado: deambular sem um espaço a que chame lar

Uma fotografia na última página da edição do jornal "metro" de 19 de Fevereiro de 2014 (ano VI, n.º 2.040), da agência EPA (?), que diz muito! Se calhar felizmente, ultimamente não tenho conseguido adicionar fotografias ao blogue, mas no meio de tantas notícias e barulho informativo que recebemos ao longo de uma curta semana, parei ao contemplar o rosto tapado da fotografia... deixo o texto que a acompanhava:
"A foto, divulgada ontem pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mostra a jovem paquistanesa Malala Yousafzai a limpar as lágrimas, na fronteira, depois de ter ajudado vários refugiados sírios a passá-la. Malala e o pai também tiveram de fugir de casa, no Paquistão, tendo estado durante três meses sem lar, andando de um lado para o outro. Por isso sabem como é estar longe de casa."

24 de janeiro de 2014

Museu Benfica - Cosme Damião

Uma bela tarde no novo Museu do Benfica - Cosme Damião, inaugurado a 26 de Julho de 2013 (quase a fazer meio ano, fui o visitante 29 mil e tal).
Primeiro com romagem à estátua do rei Eusébio, para mais agora aquecida pelos inúmeros cachecóis e estrutura... pelo menos não passa frio!
Foram 3 horas, mas podiam perfeitamente ter sido 6 horas, ou talvez, melhor, 6 dias!!!
A primeira parte foi mais demorada, incluindo os últimos títulos de Campeão Nacional de futebol... com direito a muitos golos no écran!
A passagem do piso 0 para o 1 está bem conseguida, afinal acompanhamos, lado a lado, a caminhada do Benfica e da Humanidade, sendo que parei mais demoradamente num triste episódio de 1949, o jogo de despedida do capitão Francisco Ferreira com o grande AC Torino, pois no dia seguinte (4 de Maio de 1949) o avião que levava a equipe italiana despenhou-se no morro da Basílica de Superga (arredores de Turim).
Metade do piso 1 foi já visto a "correr", sendo que estava no início da área (uma grande área) do Eusébio (parece mesmo que está a escutar os elogios dos colegas... tecnologias!), quando fui chamada para o vídeo dos 10.000 segundos de Benfica (já no piso 2), pelo que ficará para mais tarde uma primeira vista aos treinadores (mestres da bola), às digressões e popularidade (Benfica universal), às honras maiores (distinções honoríficas) e aos presidentes (homens do leme).