Quando hoje ia quase a chegar ao trabalho, algo preocupado com o que tinha para fazer (e até nem sabendo bem como!), recebi, da forma mais improvável, um enorme Sorriso de Deus!
Faz-me muito bem o passar todos os dias úteis o mais próximo possível das minhas duas Irmãs menos bem cheirosas. A beleza e serenidade que a minha Irmã de origem africana do Rossio me transmite ajuda-me a enfrentar o dia e se, por qualquer razão, não a encontro fico preocupado. É fácil conhecê-la, pois mora numa paragem da Carris, embora nos últimos tempos opte pelo banco (de jardim) junto ao BCP do Rossio (outras vezes está junto à CGD), durante o dia costuma estar perto da entrada da estação CP do Rossio a pedir, muitas vezes com um "delicioso": "Olhe, olhe...!!!"
A outra minha Irmã, mora nas arcadas da Praça do Comércio do lado do Ministério das Finanças, sendo a que está mais perto do Café Martinho da Arcada. Também é fácil reconhecê-la, pois é algo forte, já tem alguma idade, e tem muitos sacos e papéis sujos junto a ela, tendo alguns problemas psiquiátricos. Como nos últimos meses os funcionários da câmara lavam à mangueirada toda aquela ala, obrigam-na a mudar as suas coisas para fora das arcadas (normalmente para junto da paragem da Carris). É incrível, para não dizer vergonhoso, a quantidade de pessoas que vivem actualmente na Praça do Comércio, sendo que quando tenho que sair mais tarde do trabalho me deparo com elas de uma forma mais "natural", afinal elas estão no seu quarto e, embora seja poesia, não conheço ninguém no mundo que tenha um "quarto" tão belo, conhecem muitos quartos com vista para o rio Tejo, a Santuário do Cristo Rei e para as arcadas e enquadramento (apesar das obras actuais) da Praça do Comércio? O facto de várias instituições, como a Comunidade Vida e Paz, ou o dono da Pastelaria Flor da Sé distribuírem comida lá, também terá contribuído para a afluência actual, algo que os meus "amigos" importantes do Ministério não poderão comprovar pois saem sempre de carrinho e muito raramente os vejo pelas ruas da Baixa!
Mas voltando ao feliz episódio da minha Irmã, apesar de desagradável, faço questão de não me desviar e passar junto a Ela, muitas vezes depois da hora de almoço esta a dormir (os sonhos dos Anjos?), e de dar e receber o seu cumprimento e/ou sorriso, mas hoje como vinha da CGD (a vida continua sempre, para quem vive a nossa "vida"!), porque ia no sentido contrário ao habitual, para além do "Bom-dia" e do sorriso, Ela desarmou-me pois, estando a comer uma maçã, sem pejo nenhum, estendeu a mão e ofereceu-me a maça que estava a comer!!!!
É melhor parar por aqui (OBRIGADO DEUS), mas ao pensar em dar um título a este post, ocorreu-me o belíssimo poema de Sebastião da Gama "DEUS SORRI" (do livro "Cabo da Boa Esperança"), aqui fica:
Deus sorri..., Deus sorri
É um sorriso triste, às vezes... A uns é um sorriso triste...
É um sorriso alegre, a outros, de outra vezes...
Feliz o que puder aperceber, o sorriso de Deus.
Fúteis, violados todos os mistérios,
Que o sorriso de Deus tudo esclarece.
Meus olhos nítidos, olhai:
Em que mistérios cris ainda?
Que verdades ainda vos escapam?
Que nuvem ou que sombra vos empece,
Se o sorriso de Deus tudo esclarece
E até à flor das nuvens e das sombras
Vai sorrindo?
Sebastião Artur Cardoso da Gama (10.4.1924 - 7.2.1952)
Poeta português. Fez da sua vida breve um convívio fraterno com os alunos e com quantos o rodeavam.
Faz-me muito bem o passar todos os dias úteis o mais próximo possível das minhas duas Irmãs menos bem cheirosas. A beleza e serenidade que a minha Irmã de origem africana do Rossio me transmite ajuda-me a enfrentar o dia e se, por qualquer razão, não a encontro fico preocupado. É fácil conhecê-la, pois mora numa paragem da Carris, embora nos últimos tempos opte pelo banco (de jardim) junto ao BCP do Rossio (outras vezes está junto à CGD), durante o dia costuma estar perto da entrada da estação CP do Rossio a pedir, muitas vezes com um "delicioso": "Olhe, olhe...!!!"
A outra minha Irmã, mora nas arcadas da Praça do Comércio do lado do Ministério das Finanças, sendo a que está mais perto do Café Martinho da Arcada. Também é fácil reconhecê-la, pois é algo forte, já tem alguma idade, e tem muitos sacos e papéis sujos junto a ela, tendo alguns problemas psiquiátricos. Como nos últimos meses os funcionários da câmara lavam à mangueirada toda aquela ala, obrigam-na a mudar as suas coisas para fora das arcadas (normalmente para junto da paragem da Carris). É incrível, para não dizer vergonhoso, a quantidade de pessoas que vivem actualmente na Praça do Comércio, sendo que quando tenho que sair mais tarde do trabalho me deparo com elas de uma forma mais "natural", afinal elas estão no seu quarto e, embora seja poesia, não conheço ninguém no mundo que tenha um "quarto" tão belo, conhecem muitos quartos com vista para o rio Tejo, a Santuário do Cristo Rei e para as arcadas e enquadramento (apesar das obras actuais) da Praça do Comércio? O facto de várias instituições, como a Comunidade Vida e Paz, ou o dono da Pastelaria Flor da Sé distribuírem comida lá, também terá contribuído para a afluência actual, algo que os meus "amigos" importantes do Ministério não poderão comprovar pois saem sempre de carrinho e muito raramente os vejo pelas ruas da Baixa!
Mas voltando ao feliz episódio da minha Irmã, apesar de desagradável, faço questão de não me desviar e passar junto a Ela, muitas vezes depois da hora de almoço esta a dormir (os sonhos dos Anjos?), e de dar e receber o seu cumprimento e/ou sorriso, mas hoje como vinha da CGD (a vida continua sempre, para quem vive a nossa "vida"!), porque ia no sentido contrário ao habitual, para além do "Bom-dia" e do sorriso, Ela desarmou-me pois, estando a comer uma maçã, sem pejo nenhum, estendeu a mão e ofereceu-me a maça que estava a comer!!!!
É melhor parar por aqui (OBRIGADO DEUS), mas ao pensar em dar um título a este post, ocorreu-me o belíssimo poema de Sebastião da Gama "DEUS SORRI" (do livro "Cabo da Boa Esperança"), aqui fica:
Deus sorri..., Deus sorri
É um sorriso triste, às vezes... A uns é um sorriso triste...
É um sorriso alegre, a outros, de outra vezes...
Feliz o que puder aperceber, o sorriso de Deus.
Fúteis, violados todos os mistérios,
Que o sorriso de Deus tudo esclarece.
Meus olhos nítidos, olhai:
Em que mistérios cris ainda?
Que verdades ainda vos escapam?
Que nuvem ou que sombra vos empece,
Se o sorriso de Deus tudo esclarece
E até à flor das nuvens e das sombras
Vai sorrindo?
Sebastião Artur Cardoso da Gama (10.4.1924 - 7.2.1952)
Poeta português. Fez da sua vida breve um convívio fraterno com os alunos e com quantos o rodeavam.
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