26 de agosto de 2011

Pequenas flores vermelhas

Sem nenhuma ideia sobre como seriam as "Pequenas flores vermelhas" de Zang Yuan, o factor decisivo para a compra acabou por ser o facto de ser um filme chinês, sendo, que me recorde, só terei visto um filme há meia dúzia de anos sobre um roubo de uma bicicleta numa grande cidade chinesa. Desta vez acompanhamos um irrequieto rapaz de 4 anos, o Fang Qiang Qiang, que em 1949 em Pequim entra para um infantário de internato devido às ausências prolongadas de casa dos seus pais. Sendo que o DVD até traz um documentário sobre as dificuldades de filmar com um conjunto grande de crianças, bem como da alegria do reencontro com os seus pais nas paragens das filmagens, as pequenas flores vermelhas mais não são que o prémio por quem se portava bem, coisa que o Qiang não conseguia!

24 de agosto de 2011

Maria Stuart Rainha da Escócia

"Maria Stuart Rainha da Escócia" (Mary of Scotland, 1936) é mais um grande filme do meu realizador preferido, neste caso ainda longe do velho oeste... John Ford. Continuarei a minha saga de encontrar um filme do mestre Ford de que não goste! Este parte de um episódio histórico trágico, que levou à morte desta rainha católica às mãos da sua prima a rainha Isabel I de Inglaterra, retratando toda uma atmosfera de poder, conspiração e acordos não cumpridos, mas também de amor, neste caso contando com um belo trunfo... a Katharine Hepburn:

a minha vida

"a minha vida - a autobiografia do Papa Bento XVI" de Joseph Raztinger da Livros do Brasil (2005), sendo escrito pelo próprio, até à altura de ter sido eleito Papa pelos cardeais, tem a sua força precisamente nesse facto, abordando os seus pais e irmãos, a II Guerra Mundial e as deambulações do teólogo pelo ensino e a investigação.

"Muitos destes seminaristas tinham prestado serviço militar durtante a guerra - quase todos durante vários anos -, passando por horrrores e provações que marcaram profundamente as suas vidas. Por isso, é compreensível que muitos destes velhos soldados olhassem para nós, jovens, como se fôssemos crianças imberbes a quem faltavam os sofrimentos ao ministério sacerdotal e que não tinham passado por aquelas noitas escuras da alma em que o sim ao sacerdócio pode receber a sua verdadeira forma."

"Ninguém duvidava que a Igreja era o lugar das nossas esperanças. Apesar de muitas fragilidades humanas, a Igreja tinha sido o pólo de oposição à ideologia destruidora da ditadura nazi; tinha permanecido de pé no meio do Inferno, que até poderosos engolira, graças à sua força proveniente da eternidade."

"Éramos mais de quarenta candidatos; quando fomos chamados respondemos Adsum, «Eis-me aqui». Era um esplêndido dia de Verão, que se tornou inesquecível como o momento mais importante da minha vida."

"Como lema episcopal escolhi duas palavras da Terceira Epístola de São João (versículo 8): «colaboradores da verdade», antes de mais, porque me parecia que tais palavras representavam bem a continuidade entre as minhas anteriores funções e este meu novo cargo; apesar de todas as diferenças, tratava-se e trata sempre da mesma coisa, seguir a verdade, pôr-se ao seu serviço."

Laranja Mecânica

A "Laranja Mecânica" de Stanley Kubrick (1971) será um clássico, pelo menos da violência gratuita, que nos deixa algo perturbados, embora no filme acabemos por ficar do lado do Alex e da sua "cura"!

O Caimão

"O Caimão" de Nanni Moretti (2006) é uma comédia com laivos de drama político, uma vez que aborda a tomada do poder por Sílvio Berlusconni em favor de interesses pessoais. Curiosamente o filme foi estreado pouco tempo antes da realização de eleições em Itália, envolto em grande polémica, sendo que o Berlusconni, apesar de ter sido o mais votado na altura, acabou por não ser nomeado primeiro-ministro, embora tenha voltado ao poder depois. Afirmando-se o realizador como de esquerda esse facto foi a justificação para uma parte da comunicação social, em especial a controlada pelo Berlusconni, não abordar a estreia do filme. Mas o filme, o primeiro em que o Nanni Moretti não é o protagonista num filme seu, aborda também a questão dos problemas familiares que o protagonista atravessa pois está a separar-se da sua mulher, sendo que os dois filhos jogam um papel importante. Não sendo para mim um grande filme, afinal estava com as expectativas do grande filme anterior do Nanni ("O Quarto do Filho"), senti algo que não é muito habitual, afinal gostei mais dos extras do que do filme, em especial o documentário "O Diário do Caimão" em que se explica e comenta a realização do filme.

Bento XVI e o último conclave

O livro "Bento XVI e o último conclave - Os segredos da eleição do novo Papa" de Alfredo Urdaci (Dom Quixote, 2005) permitiu-me conhecer melhor, em parte, os mistérios da escolha de um nvo Papa, para além de algumas páginas dedicada à vida de Joseph Ratzinger.

Um "reencontro" com João XXIII: "No dia em que foi eleito, Roncalli escreveu no seu diário: «Parece um sonho, mas é antes de morrer, a realidade mais solene de toda a minha pobre vida.»"

Alguns conselhos do Joseph: "A seguir, a santa missa e o breviário. Para mim, são ambos os actos fundamentais do dia. A missa é o encontro real com a presença de Cristo ressuscitado; e o breviário, a entrada na grande oração suplicante de toda a história sagrada. Aqui, os salmos são a peça essencial. Aqui, reza-se com os milénios e ouvem-se as vozes dos Padres da Igreja. Tudo isto nos abre a porta para iniciar o dia. Depois, vem o trabalho normal.»"

E o indespensável João Paulo II: "A 26 de Março de 2000, abeira-se do Muro das Lamentações e pede perdão pelas culpas históricas dos cristãos. Algumas têm: entre outras, estão as dos papas que amuralharam o bairro judeu de Roma, decretaram o toque a recolher e inventaram o sinal identificativo dos judeus: a estrela amarela nas suas roupas que, mais tarde, os nazis copiaram."

"Ratzinger toma nas homilias palavras de João XXIII para relembrar aos que acorrem a despedir-se de João Paulo II. «A Igreja está viva. a Igreja é jovem.»"

19 de agosto de 2011

Colóquios nocturnos de Jerusalém

O livro "Colóquios nocturnos de Jerusalém - Sobre o risco de acreditar" do Cardeal Carlo M. Martini e de Georg Sporschill, da Gráfica de Coimbra 2 (2009) traduz uma série de conversas com o Cardeal Martini, um dos mais fortes candidatos "reformistas" do último conclave papal.

O cardeal Carlo Maria Martini (nasceu em 1927) é um biblista mundialmete conhecido, que foi durante muitos anos reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana. Em 1979 foi nomeado arcebispo de Milão. Jubilado desde 2002, vive actualmente em Jerusalém. Georg Sporscill (nasceu em 1946) é um jesuíta austríaco que se dedica, principalmente, à pastoral social. Trabalha na Europa de Leste desde 1991, empenhando-se em dar corpo a uma organização que se ocupa das crianças da rua e dos jovens desamparados. Obteve o Prémio Félix Ermacora para os Direitos Humanos e o Prémio Albert Schweitzer. Em 2004, foi declarado o "austríaco do ano".

"Tal como treinamos as forças físicas também podemos treinar as espirituais. Se eu estiver sempre a ver televisão, constantemente sentado ao computador, então os "músculos" do amor, da fantasia e também da relação com Deus tornam-se cada vez mais fracos."

"O meio mais eficaz para fazer amigos, que ainda não referi, foi para mim especialmente importante sobretudo na trabalho com os jovens. A palavra mágica é esta: Faz com que os outros te ajudem. (...) Um amigo torna o outro grande. Descobre os seus talentos e ajuda-o a usá-los, forma-o."

"A Igreja precisa de pessoas que façam despontar noutros a coragem e a magnanimidade para se colocarem ao serviços dos homens. Naturalmente, antes de mais, isso implica a descoberta dos próprios talentos."

As confissões de Felix Krull

"As confissões de Felix Krull" são uma série de televisão alemã de 1982, que teve o atractivo de pertencer a um ciclo baseado em obras de Thomas Mann. Ainda não foi o contacto com "A Montanha Mágica", para mais o livro é bastante grande, pelo que vai esperando por uma melhor altura! Tem a particularidade de algumas cenas terem sido rodadas em Lisboa e foi muito engraçado descobrir que o Elevador da Glória foi usado para filmar um exterior como sendo em Monte Carlo!!!

Inside job

O "Inside job - A verdade da crise" de Charles Fergunson, vencedor do Oscar de melhor documentário em 2o11, mostra-nos que a crise é apenas fruto da ganância e não sei, tal com aconteceu nos EUA com a administração Obama, em que as nomeações para cargos chave continuaram a ser mais do mesmo, se vale a pena esperar alguma coisa de bom por cá nos próximos tempos... o que temos visto não augura nada de bom e afinal são sempre os mesmo que pagam a crise! Ainda pensei em votar "útil" nas últimas eleições, mas felizmente acabei por votar na Esperança, cujo movimento compreendo que não tinha "estrutura" para o poder, mas ao menos poderia ser o caminho para alguma coisa de novo!

16 de agosto de 2011

João Paulo I, o Papa do sorriso

O livro "João Paulo I, o Papa do sorriso" de Loris Serafini (Paulinas Editora, 2007) ajudou-me a conhecer melhor a personalidade de Albino Luciani e o seu brevíssimo pontificado de 33 dias, tendo gostado muito de senti-lo tão perto do Beato João XXIII.

Alguns dias antes, Roncalli manifestara o desejo de ter um encontro com o novo bispo... No fim, para confirmá-lo na sua nova missão, recomendou-lhe que lesse o terceiro capítulo da "Imitação de Cristo", que fala da humildade."

"... pela pena de Gabriella Sartori, saudou-o com estas palavras maravilhosas: "O nosso bispo diz coisas grandes, as coisas importantes, com palavras simples, com aquelas palavras que se usam para falar em casa, no trabalho e com os amigos. Assim, damos connosco a aprender com ele sem dar por isso e a escutá-lo sem nos aborrecermos"."

o Tesouro escondido

O livro "o Tesouro escondido - Para uma arte da procura interior" de José Tolentino Mendonça (Paulinas Editora, 2011) é um pequeno livro rico em pensamentos que nos podem ajudar a conduzir, ainda mais, para Deus!

"Simone Weil escrevia: «A oração é feita de atenção. É a orientação para Deus de toda a atenção de que a alma é capaz. Da qualidade da atenção depende muito a qualidade da oração.»"

"O conselho de Arsénio era este: «Foge. Cala-te. Permanece no recolhimento.» Poemen garantia: «Se fores realmente silencioso, em qualquer lugar onde estiveres encontrarás repouso.»"

"Pudéssemos nós dizer com Santa Teresa Benedita da Cruz: «A minha procura da verdade foi autenticamente uma oração.»"

Histórias e morais

O livro "Histórias e morais" do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada (Alêtheia Editores, 2011) reúne algumas das suas crónicas que tem sido publicas em jornais, nomeadamente no "Público" e na "Voz da Verdade". Sendo precisamente daqui que me vinha o conhecimento e admiração por uma escrita incisiva e imaginativa para defender questões maiores da vida em sociedade, como as relacionadas com a lei do aborto ou as eleições!

O livro das respostas de Anselm Grun

"O livro das respostas de Anselm Grun - Repostas às principais questões da vida" da Paulinas Editora, como o nome indica, procura responder às chamadas perguntas essenciais da vida. Gostei particularmente de algumas frases de várioos autores que salpicam o livro!

"Erasmo de Rotersão diz que a felicidade consiste em «querer ser aquilo que se é»."

"Não devemos prescindir das coisas porque a religião ou qualquer lei não as permitem, mas sim porque queremos ser felizes a longo prazo. Hildegard von Bingen disse, certa vez, que a disciplina é a arte de nos podermos alegrar sempre."

"E Johann Wolfgang von Goethe diz o seguinte: «A ingratidão é sempre um tipo de fraqueza. Nunca vi pessoas inteligentes serem ingratas.»"

"A gratidão é a mais profunda das orações, disse, certa vez, o monge beneditino David Steindl-Rast."

"Albert Schweitzer aconselha: «Quando te sentires fraco, abatido infeliz, começa a agradecer, para começares a sentir-te melhor.»"

"Diz-se que São Felipe Néri rezava à noite a seguinte oração: «Senhor, agradeço-te pelo facto de as coisas hoje não terem corrido como eu queria, mas sim como Tu querias.»"

"Arthur Schnitzler disse, certa vez: «É a ânsia que alimenta a nossa alma e não a sua concretização.»"

13 de agosto de 2011

A Noite do Profeta

"A Noite do Profeta" é um telefilme italiano de 1995 realizado pelo frade Jean-Marie Benjamin, referindo ser o primeiro filme sobre a vida do Padre Pio de Pietrelcina. Apresenta alguma limitações formais, pelo que vou mesmo ter de ler o livro "Padre Pio um Santo entre nós" de Renzo Allegri, das Paulinas (1999). Desta vez, o filme não substitui, nem de perto nem de longe, a livrozinho de 486 páginas, deste nosso irmão beatificado a 2 de Maio de 1999 e canonizado a 16 de Junho de 2002 por João Paulo II.

"Para quem ama, o céu e a terra unem-se."

Por acaso o Santo Padre Pio já tinha passado pelo blogue, em 25 de Setembro de 2009, pelo que continuo sem ler o livro e... sem visitar San Giovanni Rotondo!!!

12 de agosto de 2011

Lua de mel, lua de fel

Depois da doce Emmanuelle Seigner n' "O Escafandro e a Borboleta", um perturbante drama de Roman Polanski (1992), que explora as mais obscuras profundezas da perversão sexual, e cujo final me surpreendeu, embora... à lei da bala!!!

O Escafandro e a Borboleta

O filme "O Escafandro e a Borboleta", realizado por Julian Schnabel em 2007, foi mais um daqueles exemplos de um filme de que ouvi falar muito bem, mas que acabei por deixar passar no cimena, pelo que foi com alegria que reencontrei o DVD numa coleção do Público (para mais, por apenas 1,95 euros).

Narra o final da vida de Jean-Dominique Bauby, editor a Elle Francesa, que aos 43 anos e no auge da sua carreira profissional, sofreu um acidente vascular cerebral que lhe paralisou o corpo inteiro... excepto um olho, e a mente. Apesar do tormento, Bauby conseguiu utilizar esse olho para comunicar com o mundo exterior, descrevendo de forma detalhada, letra a letra, as suas angústias, os seus sonhos, o seu mundo interior. Bauby acabaria por publicar um livro autobiográfico com uma mensagem de esperança poderosa.

Este é um daqueles filmes europeus, que muitos considerarão "pró-parado" e, de facto, na primeira parte vemos o que ocorreu "apenas" através do olho do protagonista, mas tem uma graciosidade que advém de transformar um escafandro, que nos impede qualquer movimento, numa borboleta que esvoaça freneticanente para onde quisermos!

Don Carlo Gnocchi, o Anjo das crianças

Desconhecia a bela história do Beato Carlo Gnocchi (beatificado em 25 de Outubro de 2009), mas a capa do DVD, um sacerdote a consagrar rodeado de soldados prendeu-me! Em boa hora ocorreu, pois, apesar de estarmos perante um telefilme italiano de 2004, realizado por Cinzia Th. Torrini, logo sem algumas das condições das superproduções, a história cativa, e muito mais quando se descobre que não estamos perante factos fictícios, mas perante um relato (aproximado) da vida do Padre Carlo Gnocchi, que presumo será bastante conhecido em Itália:
Do DVD do filme, protagonizado por Daniele Liotti (e com a Alexandra Dinu, uma bela romena!), consta o seguinte texto de apresentação: A vida incrível de Carlo Gnocchi criador da Fundação para a Ajuda das Crianças Mutiladas pela Guerra. Don Carlo Gnocchi, professor no Instituto Gonzaga, é enviado para a frente da guerra com a Albânia como capelão militar. A sua experiência na guerra leva-o a altertar os alunos - já de regresso a Milão - para não se alistarem. Porém, a maioria já o fez e é enviada para a Frente Leste em 1942. Esta guerra é ainda mais cruel e sangrenta, e Don Gnocchi, que acompanha os jovens para os apoiar e lhes dar assistência, testemunha a morte de vários amigos.

O capelão começa então a acalentar a ideia de criar uma fundação para ajudar os milhares de crianças que se tornaram vítimas da guerra. Franscesco, um dos seus antigos alunos, Sara, uma enfermeira apaixonada por Matteo, outro antigo aluno, e o cardeal Montini irão apoiá-lo nesta empresa. Pouco depois, em 1948, o próprio Pio XII reconhece o esforço levado a cabo por Don Gnocchi em prol das crianças órfãs ou mutiladas pela guerra.
Da parte final do discurso do Papa João Paulo II aos participantes na peregrinação da Fundação dedicada ao Padre Carlo Gnocchi (30 de Novembro de 2002) - a Fundação Pró-Juventude:
"A sua generosidade prolongou-se para além da morte, que chegou a 28 de Fevereiro de 1956, mediante a doação das suas córneas a dois jovens cegos. Foi um gesto precursor, se considerarmos que em Itália o transplante de órgãos ainda não era regulados por normas legislativas. (...)
"Restabelecer a pessoa humana" é o princípio que continua a inspirar-vos, em fidelidade ao espírito do Padre Carlo Gnocchi. Ele tinha a convicção de que não é suficiente assistir o doente; é preciso "restaurá-lo", promovendo-o através de oportuna terapias adequadas para lhe fazer recuperar a confiança em si mesmo. Se isto requer uma actualização técnica e profissional, exige ainda mais um constante apoio humano e sobretudo espiritual. Partilhar o sofrimento gostava de repetir este insigne pedagogo social é o primeiro passo terapêutico; o resto é feito pelo amor."

11 de agosto de 2011

O Cardeal Newman

O livro "O Cardeal Newman - Precursor do Vaticano II" de Charles Sptephen Dessain (Padre), da Livraria Apostolado da Imprensa (Braga, 1990), permitiu-me conhecer melhor o Cardeal John Henry Newman, sobretudo o seu pensamento, o que defendia e as lutas que teve que travar. Sempre tive uma profunda admiração pelo Beato Newman, mesmo antes de conhecer muito da sua história, que cresceu ainda mais a partir do momento em que descobri que o belíssimo Hino das completas das 5.ª-feiras é da sua autoria: "Luz terna, suave, no meio da noite\ Leva-me mais longe...\ Não tenho aqui mora permanente: Leva-me mais longe..." (que por acaso já "passou" pelo blogue em 14 de Janeiro de 2010).

O Cardeal Newman (1801-1890) foi um Padre Anglicano, cujo estudo dos Padre da Igreja levou a interrogar-se sobre os fundamentos do anglicanismo e, no fim da sua reflexão, a tornar-se católico (1854).

"E este sermão concluiu: "Desejo um homem que com os lábios confesse a sua imortalidade, e que viva como quem tem consciência daquilo que os seus lábios dizem. Esse vai no caminho da salvação"."

" A liturgia é que sustenta a nossa fé; "no culto religioso vamos captando gradualmente o invisível"." (1830)

"A sua doutrina espiritual tinha em vista os leigos que vivem no mundo, e a eles procurava adptar-se." (1836)

"Deixei dito atrás que na minha conversão não fui consciente de que tivesse operado qualquer mudança nos meus pensamentos ou sentimentos, em matérias de doutrina."

"Respondeu-me com esta pergunta: 'mas o que são os leigos?' E eu respondi-lhe mais ou menos por estas palavras: 'sem eles a Igreja pareceria uma loucura'."

"Reafirmando o princípio que eloquentemente proclamara no seu artigo sobre o laicado, Newman insistia: "A Igreja actua como um todo; não é simplesmente uma filosofia, mas é uma comunhão; não descobre apenas a verdade, mas ensina-a; é obrigada a consultar, não só por motivos de fé, mas também de caridade"."

"'Sem certeza na fé religiosa, pode haver uma decência exterior de devoção e observância, mas é impossível ter hábitos de oração, ou intercâmbio íntimo com com o invisível, ou generosidade no vencimento próprio. A certeza é essencial para um Cristão; e se ele tem que perseverar até ao fim, esta certeza deve incluir em si o princípio de persistência'."

"Tinha 78 anos, quando recebeu o Chapéu Cardinalício, e os últimos onze anos da sua vida passou-os em relativa paz com a sua crescente comunidade, a sua escola, as inúmeras visitas, a vasta correspondência. Só desejava fazer tudo quanto pudesse para defender a Religião Revelada."

"Isto tornou-se notório sobretudo desde a 'abertura' da Igreja para o mundo dos nossos dias, começada por João XXIII, e continuada pelo Concílio Vaticvano II, que chegou a ser tido como "o Concílio de Newman"."

"Embora o mundo invisível fosse para ele tão vivo, tinha consciência das limitações da Revelação, e pediu que lhe inscrevessem estas palavras na lousa sepulcral: "Ex umbris et imaginius in veritatem" ("das sombras e imagens à verdade")."

4 de agosto de 2011

A História de Irena Sendler

Atendendo à chuva intensa na tarde do dia 1 de Agosto, acabei por substituir o passeio a pé entre a Praça do Comércio e Av. AAA (António Augusto Aguiar) por um passeio de Metropolitano! Logo, o tempo com que fiquei até ao filme que fui ver foi preenchido no El Corte Inglés nas únicas secções que gosto de visitar... as dos DVD's e CD's e a livraria!!! Resultado mais 2 DVD's comprados!!!
Confesso que desconhecia a existência do recente filme "A História de Irene Sendler" de John Kent Harrisson (2009), interpretado pela Anna Paquin, baseado no livro "The Mother of the Holocaust Children" de Anna Mieszkowska, talvez por ser um telefilme (The Courageous Heart of Irena Sendler), rodado, por certo, na sequência do falecimento da heroína ao 98 anos em 12 de Maio de 2008 em Varsóvia.

No meu caso apenas tomei conhecimento da sua história através de simples um PowerPoint, com tradução "brasileira", que andou a circular nos últimos tempos pela net e que me apresentou a coragem da também conhecida como "o Anjo do Gueto de Varsóvia", que durante a II Guerra Mundial contribuiu para salvar mais de 2.500 crianças judias durante a ocupação alemã da Polónia.

"A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade." - Irena Sendler(owa).

Não houve uma única criança que salvou que tivesse sido atraiçoada ou descoberta pelos nazis, mas estes souberam da sua actividade e prenderam-na em 20 de Outubro de 1943 levando-a para a infame prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha encontrou uma pequena estampa de Jesus Misericordioso com a inscrição: "Jesus, em Vós confio", e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.

Pequenas mentiras entre amigos

Uma comédia francesa de 2010 que começa e acaba com muito drama, este "Pequenas mentiras entre amigos" de Guillaume Canet ("Les petits mouchoirs", os pequenos lenços, com o título em inglês de "Little white lies"). Um filme europeu, apesar das pipocas e da sala do El Corte Inglés estar bastante composta, para além de ter que levar com, pelo menos 15 minutos de publicidade, que deu para reflectir sobre a vida e todas as pequenas mentiras que acabamos por dar, mesmo entre amigos!

3 de agosto de 2011

Foucauld no deserto

Demorei mais tempo do que o que queria... e devia a ler este livro "Foucauld no deserto" de Maurice Serpette, uma edição da Fundação à Igreja que Sofre, que, quase no final, uma vez que a ficha técnica se encontra na última página, descobri que foi de apenas 500 exemplares, pois de facto este não é um livro de "massas!!!!

Além do mais, nem sequer foca a vida toda do Beato Carlos de Foucauld, beatificado pelo Papa Bento XVI em 13 de Novembro de 2005, nem na sua conversão de 1886, visto que chegou a ser soldado francês, mas "apenas" os últimos 16 anos da sua vida (viveu entre 1858 e 1916), de preparação e vida como monge eremita no deserto do Sahara vivendo entre os tuaregues. Um grande precursor do diálogo interreligioso, apesar da sua proximidade com os nómadas do deserto e do apoio que dava aos mais pobres. Partindo do estuda da língua e cultura tuaregue, mas sobretudo do seu exemplo, abriu a porta e o caminho para os que vieram depois dele, sendo um testemunho de que é preciso compreender a língua de um país para que se deseje compreender verdadeiramente.

"Foucauld chega a Tamanrasset a 11 de Agosto (de 1903). Não perde um só instante na instalação. Compra um terreno (não é propriamente o que ali falta...) e, a 19 de Agosto, começa a edificar um eremitério-capela de 6m x 1,75m, segundo um plano desde há muito reflectido. Nele celebra a Missa pela primeira vez a 7 de Setembro, e esse dia deve ter sido para ele simultaneamente um ponto de partida; uma ocasião de acção de graças e uma súplica para o futuro, tão misterioso quanto o vasto horizonte."

"Foucauld escreve à sua prima: «No meio de um oceano de males, os dois mais graves parecem ser a falta de instrução e a falta de educação. Um grau de ignorância que os torna incapazes de distinguir o falso do verdadeiro e, muitas vezes, o bem do mal.» Esta última frase revela, aliás, que a preocupação moral está bem presente no Foucauld apóstolo, mas considera-a dependente de um nível mínimo de formação e incompatível com a ignorância."

"Esta escolha de Tamanrasset - modesta aldeia de vinte fogos (e, mesmo assim, prefere fixar-se a certa distância) - leva-nos a reflectir sobre a relação de Foucauld com a solidão. Em Dezembro de 1905, estando desde há alguns meses em Tamanrasset, escreve à sua prima de Bondy: «Não se aflija por me ver só, sem amigos, sem auxílio espiritual: não me custa nada a solidão, acho-a até bem agradável: tendo o Santíssimo Sacramento, o melhor amigo, com quem se fala dia e noite...»"

«Como manter este império? Civilizando-o. fazendo pelos seus habitantes o que gostaríamos que fizessem por nós; tratando-os com justiça e bondade, dever de todo o ser humano para com o semelhante; trabalhando o mais possível em fazê-los progredir, em elevá-los moral e intelectualmente tanto quanto de possa, o que não é senão um dever de caridade - amar o próximo como a si mesmo.»

«É a evangelização, não pela Palavra, mas pela presença do Santíssimo Sacramento, o oferecimento do Sacríficio divino, a oração, a penitência, a prática das virtudes evangélicas, a caridade - uma caridade fraterna e universal, partilhando até ao último pedaço de pão com qualquer pobre, qualquer hóspede, qualquer desconhecido que se apresente e recebendo qualquer ser humano como um irmão bem amado...»

"E conclui: »Nazaré pode viver-se em qualquer lado, vive-a no lugar mais útil ao próximo.»"

"O cuidado e auxílio dos pobres vão tornar-se ainda mais urgentes; sabe-se que Foucauld vai racionar as suas já frugais refeições para poder alimentar as crianças. Estas privações serão a causa do seu extremo cansaço do fim de 1907 , início de 1908."

«Nunca amaremos o suficiente.»