3 de agosto de 2011

Foucauld no deserto

Demorei mais tempo do que o que queria... e devia a ler este livro "Foucauld no deserto" de Maurice Serpette, uma edição da Fundação à Igreja que Sofre, que, quase no final, uma vez que a ficha técnica se encontra na última página, descobri que foi de apenas 500 exemplares, pois de facto este não é um livro de "massas!!!!

Além do mais, nem sequer foca a vida toda do Beato Carlos de Foucauld, beatificado pelo Papa Bento XVI em 13 de Novembro de 2005, nem na sua conversão de 1886, visto que chegou a ser soldado francês, mas "apenas" os últimos 16 anos da sua vida (viveu entre 1858 e 1916), de preparação e vida como monge eremita no deserto do Sahara vivendo entre os tuaregues. Um grande precursor do diálogo interreligioso, apesar da sua proximidade com os nómadas do deserto e do apoio que dava aos mais pobres. Partindo do estuda da língua e cultura tuaregue, mas sobretudo do seu exemplo, abriu a porta e o caminho para os que vieram depois dele, sendo um testemunho de que é preciso compreender a língua de um país para que se deseje compreender verdadeiramente.

"Foucauld chega a Tamanrasset a 11 de Agosto (de 1903). Não perde um só instante na instalação. Compra um terreno (não é propriamente o que ali falta...) e, a 19 de Agosto, começa a edificar um eremitério-capela de 6m x 1,75m, segundo um plano desde há muito reflectido. Nele celebra a Missa pela primeira vez a 7 de Setembro, e esse dia deve ter sido para ele simultaneamente um ponto de partida; uma ocasião de acção de graças e uma súplica para o futuro, tão misterioso quanto o vasto horizonte."

"Foucauld escreve à sua prima: «No meio de um oceano de males, os dois mais graves parecem ser a falta de instrução e a falta de educação. Um grau de ignorância que os torna incapazes de distinguir o falso do verdadeiro e, muitas vezes, o bem do mal.» Esta última frase revela, aliás, que a preocupação moral está bem presente no Foucauld apóstolo, mas considera-a dependente de um nível mínimo de formação e incompatível com a ignorância."

"Esta escolha de Tamanrasset - modesta aldeia de vinte fogos (e, mesmo assim, prefere fixar-se a certa distância) - leva-nos a reflectir sobre a relação de Foucauld com a solidão. Em Dezembro de 1905, estando desde há alguns meses em Tamanrasset, escreve à sua prima de Bondy: «Não se aflija por me ver só, sem amigos, sem auxílio espiritual: não me custa nada a solidão, acho-a até bem agradável: tendo o Santíssimo Sacramento, o melhor amigo, com quem se fala dia e noite...»"

«Como manter este império? Civilizando-o. fazendo pelos seus habitantes o que gostaríamos que fizessem por nós; tratando-os com justiça e bondade, dever de todo o ser humano para com o semelhante; trabalhando o mais possível em fazê-los progredir, em elevá-los moral e intelectualmente tanto quanto de possa, o que não é senão um dever de caridade - amar o próximo como a si mesmo.»

«É a evangelização, não pela Palavra, mas pela presença do Santíssimo Sacramento, o oferecimento do Sacríficio divino, a oração, a penitência, a prática das virtudes evangélicas, a caridade - uma caridade fraterna e universal, partilhando até ao último pedaço de pão com qualquer pobre, qualquer hóspede, qualquer desconhecido que se apresente e recebendo qualquer ser humano como um irmão bem amado...»

"E conclui: »Nazaré pode viver-se em qualquer lado, vive-a no lugar mais útil ao próximo.»"

"O cuidado e auxílio dos pobres vão tornar-se ainda mais urgentes; sabe-se que Foucauld vai racionar as suas já frugais refeições para poder alimentar as crianças. Estas privações serão a causa do seu extremo cansaço do fim de 1907 , início de 1908."

«Nunca amaremos o suficiente.»

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