10 de novembro de 2012

"Caridade" e 2 arco-íris

Em dia de aniversário, mais de 12 horas quase seguidas de campanha do SAP, com paragens saborosas para a EUcaristia e grupo de jovens e um bocado de catequese, apenas dois apontamentos: por volta das 8h e pouco uma venezuelana ao sair do supermercado, depois de ter sido abordada para contribuir ao entrar, que vê "corações"/caras (!?!?!) e a dizer-me que eu tenho cara com laivos de bondade (não foi por estas palavras!!!), e, passado uma hora, na Serra das Minas o sol a brilhar e umas nuvens escuras ao longe, que felizmente passaram, e pensar que veria um arco-íris... afinal vi dois simultâneos!!!
PS: e hoje vou resistir a abrir o FB!  

22 de outubro de 2012

Conversas vadias... no Céu!

A Irmã Ligia e o afilhado David terão que esperar (ups!), para além dos últimos livros lidos, afinal blogue não condiz nada com preguiçoso, mas, devido a uma conversa de ontem, ao espreitar os DVD's do "Público" a propósito dos 100 anos de Agostinho da Silva (1906-1994), apeteceu-me ver a Conversa vadia com Manuel António Pina, que por certo agora continua... no Céu!  

27 de setembro de 2012

São Vicente de Paulo

São Vicente de Paulo, tão amado por tantos e, quatrocentos anos depois, os seus passos continuam a fazer sentido!
Hoje lembrei-me de uma peregrinação a Ars (e Lisieux) em pleno Ano Sacerdotal (Março de 2010), com passagem "obrigatória" por Paris, pelo que o que de mais RICO trouxe de lá foi mesmo um encontro inesperado, ou pelo menos não programado, com ele:
Logo seguido de uma fotografia rápida, felizmente que tremida, de um amigo numa das pontes sobre o Sena!
    

3 de agosto de 2012

O que Jesus realmente quis dizer, Garry Wills

"O que Jesus realmente quis dizer" de Garry Wills (Lua de papel, 2008), historiador norte-americano, catalogado de católico liberal, procura ir à fonte principal da Fé, a Bíblia, partindo de traduções do grego que estarão mais perto do que realmente Jesus disse... ou melhor, diz!
Apesar de considerar que o título tem uma raiz forte de marketing, para mais num Prémio Pulitzer, sendo algumas partes eventualmente mais polémicas, copio apenas um exemplo:
"Gilbert Chesterton afirmou que o cristianismo não falhou - simplesmente nunca foi tentado. Mas, sempre que é tentado, é visto como uma ameaça, tal como Jesus o foi. Por palavras prestam serviço aos pobres, mas na verdade distanciam-se deles. Não meditam no óbvio - que Jesus não vestia roupas bonitas. Ele não possuiu nem utilizou cálices dourados ou recipientes preciosos. Não tinha um anel de jóias para ser beijado." 

27 de julho de 2012

Cultura, Dietrich Schwanitz

Finalmente estou "em dia" no blogue, apesar deste enorme livro de quase 600 páginas e com letra pequena, ter sido lido com uma grande interrupção pelo meio! "Cultura - Tudo o que é preciso saber" de Dietrich Schwanitz (Livros d'Hoje, Publicações Dom Quixote, 2004) está centrado na Europa, com muitas referências à cultura alemã, apesar disso, se soubesse tudo o que li na ponta da língua estaria munido de uma bela bagagem... logo teria que pagar suplemento de peso! O livro é dividido em duas partes, o saber e o poder. A primeira parte, e mais extensa, é dedicada à história europeia, seguindo-se a literatura, arte, música, filósofos e ideologias e os papéis dos sexos, estando a segunda centrada na linguagem, no livro e na escrita, na geografia política para a mulher e o homem cosmopolita, a inteligência e até o que não convém saber!
Apenas uma breve passagem, que até incorpora um citação, pelo estaremos perante uma "bi-citação": "A cultura é um estado ágil e treinado da mente que se forma quando uma pessoa já tudo soube e voltou a esquecer-se de tudo: «Eu esqueço a maior parte do que li tal como não me lembro do que comi; mas tenho a certeza de que ambas estas actividades contribuem para o sustento do meu espírito e do meu corpo.» (Georg Christoph Lichtenberg)".

O hipopótamo de Deus e outros textos, José Tolentino Mendonça

No seguimento dos dois recentes livros do Padre José Tolentino de Mendonça, que recentemente passaram pelo blogue, dei de caras, não com um hipopótamo, mas com este "O hipopótamo de Deus e outros textos" editado pela Assírio & Alvim em 2010, pequenos textos para reflectir, sendo que me revi, muito insignificantemente, no "Aprendo a rezar com os pés".
O texto que dá nome ao livro, para desvendar algum mistério, termina assim: "Job queria desvendar a dobra do Mal e esquecia que é o Bem o gigantesco segredo, o inesperado desígnio que mais nos visita."
A propósito da "Sintaxe das lágrimas", também a frase final: "Cioran disse um dia que as lágrimas são aquilo que permite a alguém ser santo depois de ter sido homem."
Agora do meio, de "Como se vai para o céu": "As observações de Galileu vão abrir um longo e duro debate entre Fé e Ciência, transferindo para o Céu um conflito de hermenêuticas. Pena não se ter dado ouvidos, nesse tempo, à sentença prudente do cardeal Cesar Baronius, que o próprio Galileu parafraseou: «A Bíblia mostra como se vai para o Céu, e não como vai o Céu.»"

Cinco pães e dois peixes, Francisco Van Thuan

Comprei o pequeno livro "Cinco pães e dois peixes - Do sofrimento do cárcere, um alegre testemunho de fé" escrito por Francisco Xavier de Nguyen Van Thuan (Paulinas Editora, 2009) por acaso, mas lembrando-me do testemunho que ouvi de alguns padres húngaros em Esztergom em 19 de Setembro de 2007, no decorrer do ICNE de Budapeste:
O título foi muito bem escolhido pelo cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, bispo de Nhatrang (Centro do Vietname) desde 1967, nomeado arcebispo-coadjutor de Saigão (hoje Ho Chi Minh Ville) e preso, poucos meses depois, em 15 de Agosto de 1975, quando os comunistas chegarem à cidade. O livro resulta dos 13 anos de cativeiro, 9 dos quais em isolamento,  porque passou o cardeal Van Thuan, que viria a falecer em Roma em 16 de Setembro de de 2002 (passados 5 anos foi anunciado pelo Vaticano o início do processo de beatificação).
"Liberto, após treze anos de cativeiro, quero compartilhar convosco as minhas experiências: como encontrei Jesus em cada momento da minha experiência quotidiana, no discernimento entre Deus e as suas obras, na oração, na Eucaristia, nos meus irmãos e irmãs, na Virgem Maria, oferecendo-vos deste modo, também eu, e à maneira de Jesus, cinco pães e dois peixes."
Aliás, bastaria percorrer o índice para termos uma ideia ideia do seu "percurso":
Viver o momento presente (primeiro pão);
Discernir entre Deus e as obras de Deus (segundo pão);
Um ponto firme, a oração (terceiro pão);
A minha única força, a Eucaristia (quarto pão);
Amar até à unidade, o testamento de Jesus (quinto pão);
Maria Imaculada, meu primeiro amor (primeiro peixe);
Escolhi Jesus (segundo peixe).

Do quarto pão:
"Nunca poderei exprimir a minha grande alegria: todos os dias, com três gotas de vinho e uma gota de água na palma da mão, celebro a minha Missa.
De qualquer maneira, dependia da situação. No navio que nos levava para o Norte, celebrei durante a noite e, avisados, os presos estavam à minha volta. Às vezes, tinha de celebrar quando todos iam tomar banho, depois da ginástica. No campo de reeducação, estávamos divididos em grupos de cinquenta pessoas: dormíamos em cama comum, cada um com direito a 50 cm. Demos um jeito de tal modo que havia cinco católicos comigo. Às 21h30, era preciso apagar a luz e todos deviam dormir. Inclino-me sobre a cama para celebrar a Missa, de cor, e distribuo a comunhão, passando a mão debaixo do mosquiteiro. Fabricávamos saquinhos com papel dos maços de cigarros, para conservar o Santíssimo Sacramento. Jesus eucarístico estava sempre comigi no bolso da camisa."

Cada pão e peixe, que nem são muito compridos, redigidos no verso de velhos calendários, termina com uma oração, que no quarto pão se intitula "Presente e Passado":
Jesus amantíssimo, nesta noite, no fundo da minha cela sem luz, sem janela, quentíssima, penso com intensa nostalgia na minha vida pastoral.
Oito anos de bispo, nesta residência, apenas a dois quilómetros da minha cela de prisão, na mesma estrada, na mesma praia... Sinto as ondas do Pacífico, os sinos da catedral.
— Já celebrei com patena e cálices dourados,
agora, com teu sangue na palma da minha mão.
— Já percorri o mundo para conferências e reuniões,
agora estou recluso numa cela estreita, sem janela.
— Já fui visitar-te no tabernáculo,
agora levo-te comigo, dia e noite, num bolso.
— Já celebrei a Missa diante de milhares de fiéis,
agora na escuridão da noite, passando a comunhão debaixo do mosquiteiro.
— Já preguei os exercícios espirituais aos padres, aos religiosos, aos leigos...
agora uma padre, também ele prisioneiro, me prega os Exercícios de Santo Inácio, através da greta de madeira.
— Já dei a bênção solene com o santíssimo, na catedral,
agora faço a adoração eucarística todas as noites às 21 horas, no silêncio, cantando baixinho o Tantum Ergo, a Salve Raínha, e concluindo com esta breve oração:
«Senhor, estou contente em tudo aceitar das tuas mãos, todas as tristezas, os sofrimentos, as angústias, até à minha morte. Amén.»

Sou feliz aqui nesta cela, sobre a esteira de palha mofada crescem fungos brancos, porque Tu estás comigo, porque Tu queres que eu viva aqui contigo.
Falei muito na minha vida, agora não falo mais. É a tua vez, Jesus, de falar-me. Escuto-te: que coisa me sussurraste? É um sonho? Tu não me falas do passado, do presente, não me falas do meu sofrimento, angústias... Tu falas-me dos Teus projectos, da minha missão.
Então eu canto a tua misericórdia, na obscuridade, na minha fragilidade, no meu aniquilamento.
Aceito a minha cruz e cravo-a, com as minhas duas mãos, no meu coração.
Se me permitisses escolher, não mudaria porque Tu estás comigo! Não tenho mais medo, entendi, sigo-te na tua paixão e em tua ressurreição."
(No isolamento, prisão de Phú Khánh (Vietname central), 7 de Outubro de 1976, Festa do Santo Rosário.)

Caritas in Veritate

A terceira Carta Encíclica do Papa Bento XVI, a "Caritas in Veritate - A Caridade na Verdade ", apesar da temática interessante e actualidade, sendo datada já de 29 de Junho de 2009, foi lida apenas recentemente.
"A caridade supera a justiça, porque amar é dar, oferecer ao outro do que é "meu"; mas nunca existe sem justiça, que induz a dar ao outro o que é "dele", o que lhe pertence em razão do seu ser e do seu agir. Não posso "dar" ao outro do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça. Quem ama os outros com caridade é, antes de mais, justo para com eles."
"A área económica não é nem eticamente neutra nem de natureza desumana e anti-social. Pertence à actividade do homem; e, precisamente porque humana, deve ser eticamente estruturada e institucionalizada."
"Todo o nosso conhecimento, mesmo o mais simples, é sempre um pequeno prodígio, porque nunca se explica completamente com os instrumentos materiais que utilizamos. Em cada verdade, há sempre mais do que nós mesmos teríamos esperado; no amor que recebemos, há sempre qualquer coisa que nos surpreende. Não deveremos cessar jamais de maravilhar-nos diante destes prodígios."

O Concerto

Já vi o filme há algum tempo, mas "O Concerto" de Radu Mihaileanu (2009) é uma bela comédia, partindo e acabando numa situação dramática, que procura juntar o virtuosismo dos instrumentistas da União Soviética (ex-URSS) com as vicissitudes do mundo ocidental! Não deixando de ser um filme de matriz francesa, com um realizador romeno, é uma co-produção de vários países europeus, em que os protagonistas são russos (Alexei Guskov, o maestro, e Dimitri Nazarov, o principal amigo) e franceses (com destaque para bela Melanie Laurent, a violinista e estrela). É a história de um famoso maestro da Orquestra Bolshoi que, na era comunista, é humilhado ao ser colocado como empregado de limpeza porque recusou separar-se dos seus músicos judeus. Desviando um fax da direcção, aproveita um convite para a orquestra tocar em Paris, com todas as dificuldades de reunir os antigos instrumentista da grande orquestra, que agora vivem de pequenos trabalhos, pelo que tem que mergulhar no universo de judeus e ciganos, traduzindo o filme sobretudo o seu deslumbramento ao aterrarem em Paris! As cenas de comédia sucedem-se, mas recordo a falsificação de alguns passaportes em pleno aeroporto, obrigando-os a desviar a atenção dos polícias, o que não sei se seria possível sem ser em filme, assim como reunir, praticamente sem ensaios, uma grande orquestra que não tocava junta há muitos anos, dado que uma parte dos instrumentistas andava a tratar da sua vida...

25 de julho de 2012

Museu de São Roque

O que gosto mais gosto nos museus e Igrejas com arte-sacra é tentar descobrir o título ou passagem dos evangelhos que retratam ou o santo a que dizem respeito, o que muitas vezes não consigo, embora depois de ver a solução (título) conclua que estava mesmo à frente do nariz!
O Museu de São Roque tem essa possibilidade, iniciando-se a visita pela evocação da Ermida de São Roque, erigida no local em 1506 após o rei D. Manuel I, no contexto de um surto de peste que assolou Lisboa em 1505, ter solicitado à República de Veneza uma relíquia de São Roque, pois o santo era conhecido pelos milagres em favor das populações que sofriam de peste.
Segue-se a evocação da Companhia de Jesus, que em virtude do apoio do rei D. João III chegou a Portugal em 1540, o ano da sua aprovação pelo Papa Paulo III, e que tomou posse da ermida. Em 1555 iniciaram-se obras de ampliação da ermida, que no entanto foram abandonadas para a construção de uma Igreja de raiz que foi aberta ao culto em 1573, apesar de inacabada, como Igreja e antiga Casa Professa de São Roque. Depois passa-se a uma área de arte oriental, atendendo ao papel dos missionários jesuítas, e a um núcleo dedicado à Capela de São João Baptista, cuja construção teve lugar em Roma, entre 1742 e 1747, pois foi transportada para Portugal em três naus, para mostrar o brilho e o requinte do reino, tendo D. João V,  à custa do ouro do Brasil, promovido muitas encomendas de obras de arte e grandes projectos arquitectónicos, e sido inaugurada em 1752, já no reinado de D. José I, e assente numa capela lateral da Igreja de São Roque. Cheia de peças de culto e ornamentais de grande valor, o objectivo era impressionar quem a visitava, mostrando um Estado que em nada ficava atrás das principais potências europeias da época, o que hoje nos causa alguma estranheza, ou talvez não!
A visita ao museu termina com um núcleo dedicado à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, iniciando-se a exposição com a sua mentora, a grande Rainha D. Leonor (mulher do rei D. João II, o Príncipe Perfeito), que a fundou em 1 5 de Agosto de 1498, e que esteve sediada primeiro numa capela do claustro da Sé e foi transferida em 1534, até ao terramoto de 1755, para a Igreja da Conceição Velha. Em 1759 a Companhia de Jesus foi expulsa do reino de Portugal, pelo que a Igreja e Casa de São Roque foram doadas à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que desde 1768 tem aí a sua sede. PS: também marcou pontos uma escultura do Menino Jesus Caminhante!
Como o Museu de São Roque promove mensalmente a apresentação de uma peça do seu acervo, pude beneficiar de uma folha com algumas notas sobre o quadro/tábua "Nossa Senhora da Misericórdia" de Domingos Vieira Serrão, do final do século XVI, pintor régio de Filipe I de Portugal, que foi adquirida pela SCML em 1983. A representação do clero e da nobreza, ajoelhados e em atitude de prece, salta à vista na parte inferior, mas se não fosse o papel talvez me passasse despercebida o pedinte e a criança que, representados de costas, encaram a Virgem de frente, simbolizando a preferência mariana pelos humildes.
A visita só podia terminar na Igreja de São Roque, cheia de turistas, em que somos esmagados pela sua riqueza a grandiosidade e que os vigilantes quase que nos fazem esquecer que já não estamos num Museu, mas sim numa Igreja, mas, a apesar de passar despercebido a muitos turistas, o Santíssimo Sacramento está lá para nos lembrar o mais importante!

A delicadeza

"A delicadeza" é um filme francês de 2011 co-realizado por David e Stéphane Foenkinos, baseado numa novela do próprio David Foenkinos, uma comédia romântica com laivos de drama! Penso que pode ser considerado cinema de massas, pelo menos em França, ou não contasse com a Audrey Tautou no papel de Nathalie uma pessoa feliz até ao dia do trágico da morte do marido (os dois últimos filmes franceses de/em cinema que vi, o outro foi "Pequenas mentiras entre amigos", com entrada em 4 de Agosto de 2011, começam e centram-se em mortes trágicas em resultado de acidentes nas rua de Paris, sendo que este apela a não se usar phones no jogging!). A protagonista refugia-se no trabalho, até ao dia em que inconscientemente rouba um beijo a Markus (François Damiens), um empregado sueco, tímido e discreto, de que até é chefe, ela que até tinha sido vítima de assédio sexual do director-geral, que leva a embarcarem numa aventura sentimental que os colegas e amigos não compreendem, ou pelo menos acham estranha, pois está fora do cânone!
Apesar de grande parte do filme se passar no interior da empresa, e uma pequena parte, de fuga, no telhado, que tinha alguma ligação à Suécia, não consegui perceber qual era o seu negócio nem se o processo 114 ficou resolvido! Um pormenor, de que gostei, foi as maçanetas das salas mais importantes estarem no interior de uma cruz dourada, lembrei-me das belas camisolas da Nike da selecção portuguesa no último europeu de futebol, sendo que até estranhei ninguém se ter queixado dos jogadores envergarem uma CRUZ!    

20 de julho de 2012

As Catorze Obras de Misericórida

O livro "As Catorze Obras de Misericórdia" da Alêtheia Editores (2009), uma iniciativa da Santa Cada da Misericórdia do Porto, com o apoio da Universidade Católica Portuguesa, reúne pequenos textos (e ilustrações de docentes da UCP-Porto) de personalidades e professores universitários, para cada uma das 14 obras de misericórdia, tendo me me vindo parar às mãos, em boa hora, no âmbito de uma venda de livros "estragados" (muito ligeiramente!), ou pelo menos, manuseados, logo "para despachar!"... ao contrário das 14 obras!
Algumas palavras do Vice-Presidente da Santa Casa do Porto, António Manuel Lopes Tavares:
"Falamos de obras de misericórdia, espirituais e materiais, lidas à luz da moderna doutrina social da Igreja. Falamos, pois, de uma responsabilidade que não é só de conforto material, mas antes tem uma importante e singular componente de apoio espiritual.
As catorze obras de misericórdia em reflexão moderna representam essencialmente um apelo a que não deixemos morrer a esperança e a solidariedade dos que sofrem e afirmemos uma mensagem de profunda fé numa sociedade com valores e onde o primado do Homem é decisivo na nossa opção de futuro."

Obras de misericórdia corporais:
1. Dar de comer a quem tem fome;
2. Dar de beber a quem tem sede;
3. Vestir os nus;
4. Dar pousada aos peregrinos;
5. Visitar os enfermos;
6. Visitar os presos;
7. Enterrar os mortos.

Obras de misericórdia espirituais:
1. Dar bons conselhos;
2. Ensinar os ignorantes;
3. Corrigir com caridade os que erram;
4. Consolar os tristes;
5. Perdoar as injúrias;
6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7. Rezar a Deus por vivos e mortos. 

Pai-Nosso que estais na Terra

Depois d'"o Tesouro escondido - Para uma arte da procura interior", com entrada em 16 de Agosto de 2011, o livro seguinte de José Tolentino Mendonça (Paulinas Editora, 2011) o "Pai-nosso que estais na Terra - O Pai-nosso aberto a crentes e a não-crentes", cheio de pensamentos e pistas de reflexão!
Copio um pequeno extracto:
"A segunda não é propriamente uma história. É uma oração, uma das mais belas orações que eu conheço, e que foi encontrada entre os escassos pertences de um judeu, morto precisamente num campo de concentração. Diz o seguinte: «Senhor, quando vieres na tua glória, não te lembres somente dos homens de boa vontade; lembra-te também dos homens de má vontade. E, no dia do Julgamento, não te lembres apenas das crueldades e violências que eles praticaram: lembra-te também dos frutos que produzimos por causa daquilo que eles nos fizeram. Lembra-te da paciência, da coragem, da confraternização, da humildade, da grandeza de alma e da fidelidade que os nossos carrascos acabaram por despertar em cada um de nós. Permite então, Senhor, que os frutos em nós despertados possam servir também para salvar esses homens.»"


O Céu existe mesmo

Confesso que os bestsellers não me puxam, mas "O Céu existe mesmo - A história real do menino que esteve no Céu e trouxe de lá uma mensagem" de Todd Burpo (pastor em Imperial, no Nebraska, e Pai do Colton, o protagonista) e Lynnn Vincente (edição da "lua de papel" em 2011, sendo o original de 2010) veio-me parar às mãos de oferta! Para mais, tendo vendido 2 milhões de exemplares em seis meses nos Estado Unidos da América e 90 mil em Portugal em 2011!
Apesar da profundidade do tema é uma leitura agradável e leve (cerca de 150 páginas), apesar de não me trazer nenhuma novidade profunda, pois o Céu existe mesmo... embora por vezes eu faça muito pouco para o merecer!!!

Sem Tempo e Le Havre

Já os vi há algum tempo, em Dezembro e Abril, mas deixo a minha breve e ténue lembrança. 
O "Sem Tempo" (de 2011, "In time" no original!) é uma das grandes produções americanas, bastaria pensar nas estrelas Amanda Seyfried, coitada, passou o filme todo a correr de um lado para o outro de saltos altos, e Justim Timberlake, e às vezes acontece ser "arrastado", mas a ideia até está engraçada, pois se o tempo pudesse  ser comprado, os pobres ficariam com muito pouco! Afinal na sinopse é referido que num futuro próximo, a genética manipula o gene do envelhecimento. Após os 25 anos ninguém envelhece. Mas, para evitar problemas de de sobrepopulação, a morte passa a depender do tempo que cada um tem, tempo esse que passou a servir de moeda de troca, substituindo o dinheiro.

O visionamento do segundo filme, franco-alemão-finlandês: "Le Havre" (também de 2011, o mesmo título no original), do finlandês Aki Kaurismaki, foi motivado por uma ida a Taizé:
Portanto, a pequena aldeia campestre de Taizé na Borgonha levou-me até à cidade portuária de Le Havre na Alta Normandia!  É que motivado, logo após a chegada de Taizé na Semana Santa, por uma ida à Oração de Taizé na 4.ª-feira às 21h30 na Igreja de São Tomás de Aquino (excepto na primeira 4.ª-feira do mês, que é na Igreja do Convento de São Domingos de Lisboa, no Alto dos Moinhos) acabei por escolher, mais ao menos ao acaso, este filme de autor que retrata vida do antigo escritor Marcel Marx (André Wilms) que se exilou como engraxador nesta cidade e que, no meio da banalidade, tem ocasião para ajudar o Idrissa (Blondin Miguel) uma criança imigrada perseguida pelas autoridades que chega a bordo de um contentor, acolhendo-o em casa e, congregando vários esforços, ajudando-o a chegar a Londres, mesmo que no fim tenha tido a ajuda inesperada de um inspector (Jean-Pierre Darroussin), é bom vermos alguns finais cor-de-rosa!

As noites de um profeta, Dom Hélder Câmara no Vaticano II

O livro até já tinha merecido meia entrada em 1 de Novembro (antes da paragem), sendo que já o li há algum tempo, mas gostei bastante de conhecer mais algumas facetas de Dom Hélder Câmara, mesmo que tenha sido aprender a sua importância através do silêncio público de discursos conciliares e, de facto, é bem difícil fazer silêncio!
O livro é da autoria de José de Broucker e chama-se "As noites de um profeta - Dom Hélder Câmara no Vaticano II (leitura das circulares conciliares de Dom Hélder Câmara (1962-1965)", sendo uma edição brasileira de 2009 da Paulus (a edição original francesa é de 2005), e não foi fácil encontrar um simples livro do grande Dom Hélder, que me foi "apresentado" pelo Abbé Pierre no seu belo livro, ou melhor, testemunho, "Memórias de um crente"" 
Apenas alguns pequenos extractos que, 50 anos depois, continuam actuais:
"Durante o Concílio, Dom Hélder nunca deixou de pensar que era dever dele viver aquilo que ele tivesse votado. Particularmente - mas não somente - como bispo de uma Igreja "servidora e pobre".
Ele invoca, então, como testemunha, seu querido Francisco de Assis: "Não é fácil, Francisco, passar belas teorias para a realidade corajosa e dura. Eu me aflijo por estar ligado a um império...""

"Hoje e amanhã, vigílias mais longas, missas, se possível, melhor vividas, estado de oração. Não se surpreendam: como o clima está para a aventura, eu tenho intenção de ir ver, às 16 horas, o Circo Orfeu... Eu necessito de uma imersão no mundo das crianças: elas acreditam no impossível. (Roma, 6-7 de Novembro de 1965.)"

"Ontem, eu tive o melhor de meus reencontros com os pobres de Roma. Quando eu os interpelo, eles me dão sempre conselhos em nome de Deus...Eu lhes pergunto como se chamam (eu sei que eles carregam o nome de Jesus Cristo). Pergunto-lhes como vão... E acrescento: agora, diga-me qualquer coisa da parte de Deus... (Roma, 16-17 de Outubro de 1965.)"
Basta, às vezes, perguntar como ele se chama, como vai, como suporta ele o frio, onde ele mora...Qualquer coisa de mais rico do que uma esmola, mais quente do que uma palavra convencional. Basta, às vezes, um olhar de amizade... (Roma, 11-12 de Novembro de 1965.)"

19 de julho de 2012

O Moinho e a Cruz (Bruegel)

Um filme dos que mais aprecio, para pensar e aprender alguma coisa, para crescer! Apesar do cinema até ter pipocas, e outras alternativas mais comerciais, a escolha foi "O Moinho e a Cruz" do polaco Lech Majewski, uma co-produção polaco-sueca (2011), com Rutger Hauer a protagonista e com, os conhecidos, Michael York e Charlotte Rampling.
PS: como campeonato da Europa de futebol (sénior) terminou há pouco tempo, tenho que procurar um filme... ucraniano! 
Não sendo dos pintores mais fáceis, Pieter Bruegel, o Velho, e sendo a "A Torre de Babel" (1563) mais conhecido, ou pelo menos de que me lembrava, e faz também alguma confusão ver quadros da "Sagrada Família" na neve, mas a temática interessou-me.
A sinopse do folheto refere: "Em 1564, Peter Bruegel (1525-1569) pintou "A Procissão e o Calvário", uma representação a óleo em tela com mais de 500 personagens, sob o tema da crucificação de Jesus e as perseguições religiosas em Flandres. Em 1996, mais de 400 anos depois, esse quadro deu origem à monografia "The Mill and the Cross", uma análise exaustiva à obra de Bruegel pelo reconhecido crítico de arte Michael Francis Gibson. Em 2011, o cineasta polaco Lech Majewski, inspirado por ambas as obras e utilizando cenários pintados conjuntamente com as mais recentes técnicas digitais, transporta para o grande ecrã a história de 12 daqueles personagens, num ambiente estilizado como se de um quadro a óleo se tratasse."
Gostei de ver, apesar de causar estranheza, ver Jesus passar por uma Catedral antes de ser crucificado, ou a explicação para a condenação poder estar em Ele ter vindo anunciar a Reforma! Possivelmente os espanhóis não verão o filme com tanta "despreocupação", afinal, espinhos da "história", eles (Habsburgos) eram os ocupantes da Flandres, para mais em época de perseguições religiosas! (PS: para mais de túnicas vermelhas, mas não vou falar mais de futebol, embora me ocorre-se na altura, se calhar completamente a despropósito, a final do mundial da África-do-Sul!)
Um dos filmes que me obrigou a ver até ao fim a ficha técnica, não que os nomes polacos me sejam familiares, mas queria saber em que museu se encontra o quadro e... não consegui! Tive de recorrer ao livro da Taschen (muito boa colecção do Público, apesar de ser mais de consulta do que de leitura propriamente dita), "Bruegel" da Rose-Marie e Rainer Hagen (2004) indica-me que está em Viena no Kunsthistorisches Museum Wien, tal como "A Torre de Babel", cuja sala vemos no final do filme. Por acaso no livro o quadro tem o titulo de "O Transporte da Cruz".
O filme também me ajudou a perceber que um quadro "vive", afinal a sua interpretação e leitura vai evoluindo ao longo do tempo, pois neste livro refere-se "um rochedo encimado por um moinho cujo significado é desconhecido", que pelos vistos o académico Michael Francis Gibson interpretou como o dono dele ser Deus.
Nunca tinha imaginado um Simão de Sirene tão envolto numa multidão, pois vemos Jesus sucumbir sob o peso da Cruz envolto numa multidão, afinal estamos perante cerca de 500 personagens num quadro de 124 x 170 cm, mas tirando Maria e as mulheres, com o apóstolo João, em primeiro plano, a maioria não parece compreender o significado da crucificação iminente... tal como ainda hoje acontece!

Maria Ana Bobone - fado & piano

Descobri a voz da Maria Ana Bobone através do hino do Pirilampo Mágico de 2006, que a certa altura referia:

Não deixes que as mãos vazias
Percam o sorriso no ar
Toca os sonhos de magias
Mais do que és, és tu a dar

O CD seguinte "Nome de Mar" (de Mar... ia) correspondeu às expectativas, o que me obrigou a estar atento à sua carreira, que até nem é das mais conhecidas e badaladas fadistas da nova geração! Apesar de não encontrar o CD de momento, a internet diz-me que foi editado em 2006, pelo que foi com surpresa e alegria que vi há poucas semanas o seu último CD, para mais com o sugestivo nome de "fado & piano", sendo que a mistura até combina! Apesar de ter acabado por o ouvir na altura, mal o vi soube que o ia comprar, e, tal como tem acontecido com os últimos CD's de que mais tenho gostado, acabei por o ouvir, quase até à exaustão, ao adormecer!

Como música não combinará tanto com blogue, apesar de até funcionar bem no FB... mudei de ideias:

, mas não cabendo o piano nesta entrada, deixo a letra de um bonito fado, sendo que esta escolha é motivada pela sua mensagem, da autoria de Rodrigo Serrão (a música é da própria Maria Ana Bobone), intitulado "Auto-retrato":

Eu começo e sou só eu mais nada,
Que a certeza do fim da estrada,
Só se encontra depois da porta aberta
E nela a descoberta é feita passo a passo.

Recomeço, finjo não estar cansada,
Que um sentido espera à chegada,
E caminho, como se o que ficou
Não fosse mais do que outra ponte que acabou,
Como se eu fosse uma maré que ali virou…

E se vento chamar por mim –
Sou uma asa que se abre enfim!
E ao chegar à minha outra margem,
Sou a soma da viagem!

Recomeço, que nesta nova estrada,
Há um sonho, uma alvorada,
E caminho, que a cada nova entrega
há algo que me espera e leva a outro lado.

Eu começo mas levo aqui comigo,
Quem de oferta me deu abrigo,
Recomeço, não sei aonde vou,
Mas ao chegar à outra margem do que eu sou,
Hei-de ser tudo o que me trouxe aonde estou!

P’lo caminho… descobrindo…
passo a passo… quem eu sou.

Recomeço... ou talvez não!

Desde Novembro que não vinha ao blogue, exceptuando os momentos, que até nem foram muitos, em que tive de "libertar" comentários... ainda bem que simpáticos!
Até o "Blogger" já está com um aspecto completamente diferente, o que me vai obrigar a andar outra vez à procura das tarefas (e não me lembro do anterior ter verificador ortográfico!), mas isso é o menos, o mais, é mesmo eu ser preguiçoso!
Mas a área das estatísticas está engraçada, será verdade?!? Só pode aterrar aqui quem andar perdido ou então há procura de algo num motor de busca!!! Não estava à espera do Brasil, as vantagens de uma língua comum, Portugal, mesmo descontando as próprias visualizações (que já "desliguei"), Alemanha, Turquia e Rússia, ou seja, somos um país de diásporas... um "empurrão" para continuar! Obrigado!