9 de agosto de 2009

Edith Stein

(9 de Agosto) Santa Teresa Benedita da Cruz
Aos 31 anos converteu-se ao Catolicismo, mas só recebeu o Baptismo aos 32. Aos 44 anos entrou no Carmelo de Colónia. Por ser judia foi presa e morreu no Campo de concentração aos 51 anos.
Admiro a sua inteligência, beleza, humildade e a serenidade no martírio.
Aqui deixo algumas passagens do Irmão Mathew retiradas do pequeno livro "Vítimas do Nazismo" co-editado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre e pelas Paulinas:
Edith Stein nasceu no dia 12 de Outubro de 1891, dia de São Wilfred, na então cidade alemã de Breslau (actualmente Wroclaw, na Polónia). (...)
O professor Reinach e a sua jovem esposa eram ambos católicos convertidos. Quando ele foi morto na frente Ocidental, em 1917, a jovem viúva pediu a Edith que fosse a sua casa e organizasse os escritos filosóficos do marido. Edith respondeu prontamente, esperando encontrar, segundo a sua atitude judaica inata em relação à morte, uma mulher desfeita e desolada pela mágoa. Em vez disso, encontrou a jovem convertida do Judaísmo calma e serenamente alegre, com a força e paz interiores das revelações e promessas de Cristo. (...) "Foi nesse momento que a minha descrença foi abalada, o Judaísmo empalideceu e Cristo derramou-se sobre mim: Cristo no mistério da Cruz." (...)
Edith haveria de escrever, mais tarde, relativamente a esta fase da sua vida: «A minha alma, embora eu não o admitisse, era como terra sem água, sedenta das águas vivas da Verdade. Não tinha ainda começado a rezar, mas esta ânsia pela Verdade era, em si, uma oração.» (...)
A família Conrad-Martius, embora fosse protestante, tinha um número razoável de livros católicos romanos nas estantes da sua biblioteca. (...) por ao sair, a senhora Conrad-Martius ter deixado a sua amiga e convidada à vontade, colocando todos os seus livros à sua inteira disposição; pelo facto de os Conrad-Martius terem, entre os seus muitos livros, a autobiografia de Santa Teresa d'Ávila...
Edith contou, mais tarde: «Escolhi ao acaso e peguei num livro grosso. Comecei por lê-lo e fiquei imediatamente presa àquela leitura absorvente. Só parei quando o terminei. Ao fechar o livro, disse para mim mesma: «Esta é a Verdade» Era o Livro da Vida de Santa Teresa. (...)
A conversa terminou com o firme acordo que Edith Stein seria recebida na Igreja no dia 1 de Janeiro de 1922. Na véspera, passou toda a noite em oração, e de manhã, bem cedo, Nosso Senhor recebeu-a através dos Sacramentos do Baptismo e da Sagrada Comunhão. Escolheu, como nome de Baptismo, Teresa.
A brilhante intelectual e instruída filósofa era agora um filha obediente da Igreja. Seguiu-se, então, aquele que viria a descrever como o momento mais doloroso que teve de enfrentar durante toda a sua vida terrena: confrontar a mãe, que tanto amava, com a notícia da sua conversão a Cristo. A mãe chorou. Foi a primeira vez que os filhos a viram chorar. Edith chorou com ela. Ficou 6 meses em casa e, sobre esse tempo, a mãe viria a contar a uma amiga íntima: «Nunca vi ninguém rezar como a Edith.» Rezava, contou ela, para que o laço de união daquela boa família Stein não se quebrasse. (...)
Desta forma, ela encontrara o tempo e as condições de que necessitava para se dedicar ao seu objecto de estudo: a obra de São Tomás de Aquino. Os seus escritos posteriores, sobre São Tomás, tiveram um tal impacto no mundo católico romano que começou a ser continuamente solicitada para proferir conferências, adquirindo, desta forma, grande notoriedade como oradora e escritora católica. (...)
Nos sete anos após ter-se tornado católica, Edith alimentou-se exclusivamente das graças divinas, submetendo-se unicamente à sua orientação, de tal forma que o abade Raphael recorda:
«Raras vezes encontrei uma alma que reunisse tantas qualidades excelentes; ela era a simplicidade e a naturalidade em pessoa. Era uma mulher completa, delicada e até mesmo maternal, sem nunca desejar fazer-se mãe de ninguém. Dotada de graças místicas, na verdadeira acepção do termo, nunca deu qualquer sinal de afectação ou sentimento de superioridade. Era simples para com os simples, erudita com os eruditos, porém, sem presunção, inquiridora para com os inquiridores e, gostaria de acrescentar, pecadora para com os pecadores.»
Outro monge, o Padre Zahringer, conseguiu igualmente captar a verdadeira grandeza da sua alma, pelo que escreveu:
«Quando a vi pela primeira vez, à entrada da abadia de Beuron, a sua aparência e postura causaram-me um impressão que apenas posso comparar à das pinturas da Ecclesia Orans (Igreja orante) na mais antiga forma de arte sacra das catacumbas. Não foi simples imaginação. Ela era realmente um tipo dessa Ecclesia presente no mundo temporal e, contudo, dele separada. Nas profundezas da sua união a Cristo, nada, para além das palavras do Senhor, lhe interessava realmente: "Por elas me santifico, para que também possam ser santificadas na verdade".» (...)
Na viagem até Beuron, onde passaria a Páscoa com o seu director espiritual, fez uma paragem em Colónia, na Quinta-Feira Santa, para passar a Hora Santa no Convento das Carmelitas dessa cidade. A propósito dessa hora escreveu:
«Falei com o Nosso Salvador e disse-lhe saber que era a sua Cruz que estava agora a ser colocada sobre o povo Judeu. A maioria não o compreendia, mas aqueles que entendiam deviam aceitar essa Cruz voluntariamente, em nome de todos. Eu queria fazê-lo. Ele só precisava de me mostrar como. Quando a cerimónia terminou, tinha a certeza interior de que fora escutada. Mas ainda não sabia como seria o carregar da cruz». (...)
A 15 de Abril de 1934, Edith Stein uniu-se finalmente a Cristo e, com o hábito de Nossa Senhora do Monte Carmelo, manteve o nome de Teresa - «para que recebesse a protecção da grande Santa de Ávila» - e acrescentou o nome «Benedita», em reconhecimento das graças recebidas na abadia Beneditina de Beuron; «da Cruz» foi acrescentado pelo desejo de tomar parte nos sofrimentos do seu Senhor. (...)
Através de uma obra que nessa altura escrevia sobre S. João da Cruz, desenvolveu uma íntima relação espiritual com este grande santo, deixando-se absorver pela sua visão da Cruz e pela sua prisão em Toledo:
«Ser entregue, de forma impotente, à maldade de inimigos enraivecidos, torturados no corpo e na alma, afastada de toda a consolação humana e até mesmo das fontes da vida sacramental da Igreja... Poderá haver escola da cruz mais difícil?»
Ela sabia que morreria por Cristo. Na verdade, era esse o seu desejo. Se ela quisesse, muito possivelmente o seu destino teria sido outro, pois estavam em curso preparativos, realizados por amigos bem intencionados, para que Edith e Rosa fossem para a segurança de um Carmelo na Suiça. E se a irmã Teresa Benedita se tivesse empenhado nestes planos, com a sua habitual capacidade de decisão, quase seguramente teria lá chegado.
Mas nada fez para apressar as formalidade e, em Maio de 1942, ambas as irmãs foram intimadas a comparecer perante a Gestapo. Quando entrou na sala, a irmã Teresa Benedita saudou os oficiais nazis com as seguintes palavras: «Louvado seja Jesus Cristo.» (...)
Entre lágrimas e orações, a comunidade preparou a bagagem. Os dois homens que a entregaram foram autorizados a falar em particular com as irmãs, com o consentimento da polícia holandesa. A irmã Teresa Benedita contou-lhes que, no seu dormitório, havia dez religiosas e que o comandante alemão dera ordens para que os Judeus católicos fossem separados dos não-católicos.
«A irmã Teresa Benedita encontrava-se perfeitamente serena», contaram os dois homens. «Estava feliz por poder ajudar e consolar os prisioneiros com palavras e oração. A sua profunda fé criou em torno de si uma atmosfera de confiança, que a levou a afirmar: "O que quer que me aconteça, estou preparada. O nosso Jesus amado está connosco". Rosa também estava a resistir, encorajada e animada pelo exemplo da irmã.» (...)
A informação mais fidedigna é de que Edith e a sua irmã foram levadas para a câmara de gás a 9 ou 10 de Agosto de 1942 e os seus corpos cremados.
Quando a cela da irmã Teresa Benedita foi desocupada, encontraram uma pequena estampa escrita no verso por ela: «Desejo oferecer a minha vida como sacrifício pela conversão dos Judeus.»
Beatificação e canonização - Edith Stein foi beatificada a 1 de Maio de 1987, pelo papa João Paulo II, durante a sua segunda visita pastoral à Alemanha. A beatificação teve lugar no enorme estádio de futebol de Mungersdorf, em Colónia. Entre celebrações grandiosas, e até alguma controvérsia, foi canonizada, também por João Paulo II, em Roma, a 11 de Outubro de 1998. Toda a Igreja celebra a sua festa dia 9 de Agosto: Santa Edith Stein, Teresa Benedita da Cruz.

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