Mais um belíssimo filme do Irão, este "Kandahar" de Mohsen Makhamalbaf (2001).
Sinopse: Nafas é uma jovem jornalista afegã que se refugiou no Canadá. Recebe uma carta desesperada da sua irmã mais nova, que ficou no Afeganistão e decidiu suicidar-se antes do iminente eclipse solar que se aproxima. Nafas saiu do seu país durante a guerra civil. Decide voltar e ajudar a sua irmã, em Kandahar, tentando atravessar a froteira irano-afegã.
Sinopse: Nafas é uma jovem jornalista afegã que se refugiou no Canadá. Recebe uma carta desesperada da sua irmã mais nova, que ficou no Afeganistão e decidiu suicidar-se antes do iminente eclipse solar que se aproxima. Nafas saiu do seu país durante a guerra civil. Decide voltar e ajudar a sua irmã, em Kandahar, tentando atravessar a froteira irano-afegã.
O filme termina, às portas de Kandahar (vista através de uma burka), sem sabermos se Nafas conseguirá salvar a sua irmã, que foi vítima de uma mina anti-pessoal quando era criança, com as seguintes palavras: "Sempre consegui evitar as diversas prisões que tolhem as mulheres afegãs, mas hoje vejo-me prisioneira de cada uma dessas prisões, somente por ti, minha irmã."
A cena da distribuição pela Cruz Vermelha (Crescente Vermelho ou, o recente, Cristal Vermelho) de próteses para as vítimas de minas anti-pessais é dura e um bocado surreal, embora saiba que a realidade, infelizmente, e apenas devido à estupidez humana, a ultrapasse em muito. Esta cena fez-me recordar a Petição de Lisboa, com as belíssimas palavras da Sophia, que no pavilhão da Cruz Vermelha Portuguesa na Expo’98 pude ler e assinar:
PETIÇÃO DE LISBOA
Todas as guerras são atrozes mas as minas anti-pessoais são uma forma especial de atrocidade.
Quando a guerra termina, as minas escondidas na terra, mudas e quietas, continuam activas e prontas a explodir, a matar ou esfacelar o corpo vivo que as toque.
São milhões espalhadas nos países onde houve guerra e atingem sobretudo mulheres e crianças. E porque a terra está semeada de morte não é possível plantar nela o alimento das populações. São uma forma de guerra cobarde e uma armadilha que atinge os mais incautos, mulheres e crianças. São uma forma de guerra que invade a paz, uma forma de guerra que se transforma numa forma de genocídio.
Nas minas anti-pessoais há o mesmo princípio de perversão existente nas guerras químicas, biológicas e atómicas.
A maioria dos países presentes em 1997 na Convenção de Otawa tomaram o compromisso de pôr fim ao fabrico, compra, venda e colocação de minas anti-pessoais. Mas alguns países, entre eles os Estados Unidos, a China e a Rússia, não assinaram este acordo.
Esperamos que em breve todas as nações reconsiderem e dêem a sua adesão à Convenção de Otawa, pois a tragédia das minas anti-pessoais tomou um carácter global.
Nos últimos séculos a ciência fez contínuos progressos. Agora é tempo de informarmos todas as populações e de inventarmos a prática de uma nova moral nas relações internacionais.
É fácil pedir perdão pelos erros passados.
É mais nobre, humano e útil pôr fim aos erros do presente.
Quando a guerra termina, as minas escondidas na terra, mudas e quietas, continuam activas e prontas a explodir, a matar ou esfacelar o corpo vivo que as toque.
São milhões espalhadas nos países onde houve guerra e atingem sobretudo mulheres e crianças. E porque a terra está semeada de morte não é possível plantar nela o alimento das populações. São uma forma de guerra cobarde e uma armadilha que atinge os mais incautos, mulheres e crianças. São uma forma de guerra que invade a paz, uma forma de guerra que se transforma numa forma de genocídio.
Nas minas anti-pessoais há o mesmo princípio de perversão existente nas guerras químicas, biológicas e atómicas.
A maioria dos países presentes em 1997 na Convenção de Otawa tomaram o compromisso de pôr fim ao fabrico, compra, venda e colocação de minas anti-pessoais. Mas alguns países, entre eles os Estados Unidos, a China e a Rússia, não assinaram este acordo.
Esperamos que em breve todas as nações reconsiderem e dêem a sua adesão à Convenção de Otawa, pois a tragédia das minas anti-pessoais tomou um carácter global.
Nos últimos séculos a ciência fez contínuos progressos. Agora é tempo de informarmos todas as populações e de inventarmos a prática de uma nova moral nas relações internacionais.
É fácil pedir perdão pelos erros passados.
É mais nobre, humano e útil pôr fim aos erros do presente.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Embora os dados já estejam desactualizados, afinal o folheto é de 1998, e era bom que até fosse por excesso, aqui deixo também alguns dados do folheto da Campanha de desminagem em Angola e Moçambique:
“As mina são uma realidade. As suas vítimas também. / Existem mais de 110 milhões de minas espalhadas no território de 71 países. / Só em Angola existem cerca de 10 milhões e em Moçambique perto de 3 milhões. / Estima-se que em cada mês as minas matam 800 pessoas e mutilam outras 1.200, fazendo um total de 2.000 vítimas por mês. / De 20 em 20 minutos nasce uma nova vítima das minas. / Nos últimos 16 anos, o CICV fabricou mais de 98.500 próteses destinadas a 67.400 amputados em 22 países. / O preço de uma mina oscila entre 0,5 e 5 contos. Neutralizá-las custa em média 200 contos. / Recorrendo só à desminagem manual, precisamos de 1.100 anos para desactivar todas as minas do planeta com um custo de 6 mil milhões de contos. Daí a necessidade de se recorrer a outras formas de desminagem.”
A Convenção de Otawa foi ratificada por 65 países (a partir de 1 de Março de 1999). Esta arma é já chamada “O Soldado Perfeito”. Prevê-se que em Angola (não ratificou) haja uma mina por pessoa. Os Estados Unidos da América, a China e a Rússia concordam mas não assinam este acordo (os EUA referem que precisam dela para defenderem os seus soldados, mas talvez o façam em 2006).
“As mina são uma realidade. As suas vítimas também. / Existem mais de 110 milhões de minas espalhadas no território de 71 países. / Só em Angola existem cerca de 10 milhões e em Moçambique perto de 3 milhões. / Estima-se que em cada mês as minas matam 800 pessoas e mutilam outras 1.200, fazendo um total de 2.000 vítimas por mês. / De 20 em 20 minutos nasce uma nova vítima das minas. / Nos últimos 16 anos, o CICV fabricou mais de 98.500 próteses destinadas a 67.400 amputados em 22 países. / O preço de uma mina oscila entre 0,5 e 5 contos. Neutralizá-las custa em média 200 contos. / Recorrendo só à desminagem manual, precisamos de 1.100 anos para desactivar todas as minas do planeta com um custo de 6 mil milhões de contos. Daí a necessidade de se recorrer a outras formas de desminagem.”
A Convenção de Otawa foi ratificada por 65 países (a partir de 1 de Março de 1999). Esta arma é já chamada “O Soldado Perfeito”. Prevê-se que em Angola (não ratificou) haja uma mina por pessoa. Os Estados Unidos da América, a China e a Rússia concordam mas não assinam este acordo (os EUA referem que precisam dela para defenderem os seus soldados, mas talvez o façam em 2006).
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