9 de agosto de 2009

O outro pé da sereia

Terminei finalmente "O outro pé da sereia" do moçambicano Mia Couto. Ao contrário dos livros anteriores dele que li, neste demorei muito mais que o habitual, mas não deixou de ser um livro encantador com centenas de saborosas palavras novas.
Aqui fica uma pequena passagem: "Quem chega logo se pergunta: o que faz ali uma pessoa de tanta cultura? E como é que alguém de tanto saber se pode ocupar como barbeiro? De facto, Arcanjo Mistura foi deportado pela polícia colonial portuguesa para aquela região, há mais de 40 anos. O barbeiro assegura que já não se lembra de onde veio. Acabei ficando natural de Longe, admite Arcanjo. Mentira. Como todos os outros da vila, o homem esquece para ter passado e mente para ter futuro."
Deixo também algumas frases dos separadores:
"Os ricos enriquecem, os pobres empobrecem. E os outros, os remendados, vão ficando sem remédio." (o barbeiro de Vila Longe);
"Sem esquecer não podemos ser humanos." (Nietzsche, citado por Afshin Ellian) e
"Não é fácil sair da pobreza. Mais difícil, porém, é a pobreza sair de nós." (o barbeiro de Vila Longe).

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