Comecei finalmente a ler os "Diários" do Miguel Torga (1907-1995), que tenho a certeza, se é que se pode dizê-lo, adorarei. Os diários (XVI volumes) têm a vantagem de poderem ser lidos conjuntamente com outros livros e trá-los-ei paulatinamente para o blogue, sendo até uma forma de fazer uma leitura também calma, "saboreando" as palavras e os poemas do grande Torga, sentindo a pouco e pouco a sua vida, pois eles escreveu-os ao longo de mais de 60 anos (entre 3/01/1932 e 10/12/1993).
Aqui deixo a primeira entrada (poema):
Coimbra, 3 de Janeiro de 1932
SANTO-E-SENHA
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada.
Beber água de Sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.
E onde volta depois de amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora
Que vai cheio de noite e solidão.
Que vai ser
Uma estrela no chão.
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